E EIS O QUE (OU A QUEM) PERDI!
“Hoje o sol não brilhou,
os pássaros não cantaram,
os risos se calaram
e as lágrimas rolaram em meu rosto.
Meu coração sofre em silêncio”
O relógio anunciava 20:00 hs.
O horário em que se reuniam aquelas vidas amarguradas
E todos marcados cada qual com sua “perda” e sua dor
Alguns a mesma (perda) c’outros compartilhavam
E então caminhavam cad'um para a sua cadeira
A criarem um círculo... de almas... reunidas
A oração do Pai-Nosso abria a reunião, como de costume
E logo após... a haver... um instante de silêncio
Pareciam todos... enlutados
E realmente estavam... cobertos cad’um em seu luto (sua perda)
E todos depois a permanecerem... imóveis
Alguns já d’outras reuniões se conheciam
Outros, como era o meu caso, de nada se sabia
Contudo, ali co’eles eu estava também a chorar a minha “perda”
Num determinado momento todos se entreolhavam
E de repente alguém deu início à reunião:
- Perdi o meu marido para o álcool, ao que ele me trocou pelo vício da bebida.
Uma pausa de silêncio se fez.
- Perdi o meu filho para as drogas. – Dizendo uma sofrida mãe n’àquela hora. - Ele está comentendo uma espécie de suicídio a conta-gotase nem percebe. Parece mais um "morto-vivo" e a se portar como um mendigo pelas ruas. Chega até a roubar para consegir a porcaria de sua droga.
Novamente silêncio.
E a sequência se dava:
- Eu perdi do mesmo modo a minha filha, e para sustentar o seu vício ela começou a se prostituir.
E outra vez a se fazer silêncio.
- Eu perdi a minha esposa para a compulsão por compras, e ela infelizmente não consegue largar este seu péssimo hábito. Já cheguei a cancelar o cartão de crédito dela a fim de tentar bloquear sua maldita tentação, porém em vão.Infelizmente ela sofre deste tipo de obsessão compulsiva (um tipo neurose).
Outra pausa.
- Perdi o meu marido para o vício de jogos de azar e todo tipo de apostas: desde de cavalos até jogos lotéricos. E ele nunca se cansa de apostar, a não ter nenhum controle sobre si. Já tentei de tudo para o tirá-lo desta sua "roubada". Não sei mais o que faço.
Silêncio mais uma vez.
- Eu perdi a minha filha para uma seita religiosa, e sinto que ela de mim foi sequestrada. Ela não pensa, não raciocina, não tem mais nenhuma vaidade, e se encontra como uma pessoa abobada no lugar onde está morando. Na verdade, ela largou o emprego e se tornou uma fanática religiosa.
E o ritual de silêncio se fazia para, em seguida, dar prosseguimento.
- Perdi o meu marido para a sua vida de promiscuidade, ao que ele me trocou por prostitutas e garotas de programa, que só querem tomar o seu dinheiro.
Alguns segundos de silêncio.
- Eu perdi o meu filho para uma gangue de rua e desordeiros. Não sei como fazer para que a largue esta sua maldita vida e volte para casa.
E assim continuava aquela triste reunião.
Alguns diziam que estão perdendo seus filhos para a compulsão das redes sociais, onde não conseguem ficar “desconectados” uma hora sequer da internet, seja pelo computador e, sobretudo, pelos celulares e smartphones. E outros a apresentarem um irresistível vício por jogos digitais (de computador), etc. E a lista não parava, ao que não deixou de lembrar o vício pelo tabaco, como também o uso indiscriminado de remédios (lícitos) e outros mais escravizantes hábitos.
E como era a primeira vez em que ali estava, a dirigente da reunião me perguntou:
- E você, o que te traz aqui? Acaso sofres, como todos, d'alguma “perda”?
Ao qu’eu respondi:
- Perdi muitos amigos e parentes para esta maldita e atual política a que está cada dia mais dividindo as pessoas. E não somente em meu cenário físico, como também nas redes sociais. E tenho certeza de que não sou o único a lamentar o que me aconteceu.
Uma pausa se fez.
Pois bem! Antigamente era comum dizer a respeito d’alguém: Fulano de tal é um torcedor “doente” e fanático pelo seu time. E é aonde eu quero chegar:
Atualmente muitos estão “doentes” por causa da política, embora não se dão pelo conhecimento disto. E perdem, oh, sim! perdem muitas coisas:
* Perdem o seu senso de raciocínio
* Perdem as suas antigas amizades (e até os vínculos afetivos e familiares)
* Perdem o seu tempo
* Perdem a paz de espírito, tornando-se agressivos para co’eles mesmos, e também com todos em sua volta
* Perdem, inclusive sua saúde (sobretudo a saúde mental)
* E alguns já perderam [literalmente] a própria vida
E pelo que tanto perdem obviamente se prejudicam. É verdade: a maneira como muitos hoje se portam em função de suas “fardas ideológicas”, não há como não dizer que só têm a perder com isto. A ser uma espécie de psicose velada e coletiva a qual se apresenta no atual cenário brasileiro.
E, portanto, é com grande tristeza que eu repito:
- Eu perdi muitos amigos e familiares por causa desta maldita “polaridade política”. E todos eles s’encontram "transtornados” sem que disto saibam. E o comportamento de todos revela o que estou afirmando agora.
Fanatismo político-ideológico é doença séria, mas tem tratamento. E o que eu digo para quem é dela vítima: Busque ajuda!
Concluindo:
Em razão disto é qu’eu hoje vim à reunião de vocês
Será que o vício deles tem cura?
E será que um dia eu terei ainda os meus amigos e parentes de volta?
Pergunto, então, a todos vocês.
Confesso que eu estou muito triste.
16 de setembro de 2022
IMAGENS: GOOGLE