Pressentimento Duvidoso
INFELIZMENTE não li as obras dos grandes filósofos. Apenas passei uma vista por textos esparsos. No entanto adoro ouvir discussões e debates sobre os filósofos e suas vidas. Eu tenho uma amiga que é muito culta e que em qualquer papo mete Platão e o tal mito da caverna. Dia desses ela quase se intriga comigo porque quando ela estava no auge da empolgação explicando a caverna. Eu pedi um aparte e parodiei uma música de Jorge Ben: - Querida, corta essa, quem gosta de caverna é dragão. Ela se ofendeu, disse que eu estava apelidando-a de dragão. Mas depois fizemos as pazes.
Como sou defensor do primeiro e único grande amor, ela me mandou depois da rusga um texto de Platão. São palavras dele:
“Quando uma pessoa encontra sua metade, a verdadeira metade de si mesma, ela se perde num êxtase de amor, amizade e intimidade. Os dois não querem se separar um instante um do outro. Estas são as pessoas que passam toda a sua vida juntas; contudo, não conseguem explicar o que desejam uma da outra. Ninguém deve pensar que é uma relação sexualizara que elas desejam, que está seja a razão pela qual encontram tamanha alegria na companhia uma da outra. Parece ser algo mais que a alma evidentemente deseja e não quer exprimir, da qual só tem um pressentimento duvidoso”.
Li e reli e entendi que há mesmo no grande amor certas peculiaridades secretas. Mas prefiro continuar defensor do grande amor. E digo: - Platão corta essa. Bota esse grilo na caverna. Inté.