A BANDEIRA DO BRASIL É DE TODOS OS BRASILEIROS OU SOMENTE DE ALGUNS?
“O fanatismo é inimigo da democracia”
(Roberto Romano – filósofo)
Era uma manhã de quarta-feira
O dia: 7 de setembro de 2022
Ou, escrevendo d’uma forma mais patriótica, era “Sete de Setembro”
Com suas iniciais maiúsculas (em demonstração de respeito)
E, como eu disse, mais precisamente no ano de 2022
Uma data histórica a comemorar 200 anos da independência de Portugal
Isso mesmo: Em 7 de setembro de 1822 o Brasil tornou-se independente de Portugal
Coloquei na varanda de minha casa, bem em cima da garagem, a bandeira do Brasil
E com muito orgulho assim o fiz
Ao que também me vestia com uma camiseta de nossa seleção de futebol, com sua inconfundível cor amarela vibrante
Desta que mesmo não sendo em dias de jogos... eu costumo usá-la
Afinal,... sou brasileiro
A que sou também, como se canta na letra da conhecida música: "com muito orgulho, com muito amor"
E eis que se aproximou um cidadão a me dirigir sua palavra:
- Bom dia, que bom que você não é “da esquerda”!
- Bom dia. Mas, perdão, – dizendo, pois a ele – não entendi a sua colocação.
- Como não? – respondendo-me com espanto. – Tanto esta bandeira quanto a cor de sua camisa revelam a “nossa” identidade política, a qual se dá a conhecer em que “iremos” votar”.
- "Em quem iremos votar"? Desculpe-me no que irei falar, caríssimo senhor, mas o fato d’eu estar vestido com a camisa da seleção, como também a bandeira do Brasil a estar suspensa em minha casa não quer dizer em quem irei votar e, muito menos, a definir minha identidade política. Eu sou apenas um simples cidadão patriota, e a bandeira pertence a todos os brasileiros. – Dizendo assim para ele.
- Não concordo. Somente os apoiadores de nosso amado Presidente da República é que usam as cores da bandeira, bem como com ela transitam. – E, indelicadamente desta forma, me jogava na cara o seu ponto de vista aquele "distinto" indivíduo.
- Queria me desculpar mais uma vez, meu caro senhor, mas até que eu saiba a bandeira do Brasil não pertence a um grupo militante político e, muito menos, tem sua posse algum especifico nome, ainda que este seja o próprio Presidente da República. – No que disse a ele.
- Não estou te entendendo, já que no presente tempo somente os “da direita” é que andam com as cores da bandeira, como também a coloca na frente de suas casas. – Insistindo comigo em sua "teoria".
- Ó meu querido, conforme eu disse, o que faço hoje é a confirmação do sentimento patriótico que tenho para com o meu país. A bandeira é de todos os brasileiros. Ou houve algum decreto (que eu não saiba) a conceder o seu uso somente a uma "militância política" formanda por um grupo de pessoas? – Dirigindo-lhe estas minhas palavras.
- Não, não acho que alguém “da esquerda” tem o direito de usá-la. – E eis que aquele cidadão se esbravejava comigo nesta hora, a apresentar-se com uma inegável indignação em relação à minha forma de pensar tanto a respeito do uso da bandeira, como também da camisa a qual eu estava com ela vestido.
- Quem é que colocou esta bobagem em sua cabeça e na cabeça de todos vocês? Ou melhor, quem fez esta "lavagem cerebral" em vocês ou lhes roubou o cérebro? Digo “todos vocês” porque, pelo que eu vejo, trata-se de um exército ou mesmo d’uma espécie de "milícia". Veja bem, meu prezado, - ao que já estava [com ele] perdendo a minha paciência – eu não sou “da esquerda” como você está falando. E nem sou “da direita”. Não me identifico com nenhum dos candidatos os quais são os principais protagonistas desta maldita política, sobretudo, neste período que antecede as eleições. E você sabe muito bem de quem estou falando. Não pretendo votar em nenhum, para o seu conhecimento o digo. E outra coisa mais: nunca se usou tanto a expressão “votar no menos pior” como está sendo agora. Ou seja, estamos indecisos e, portanto, sem saber em quem escolher. Agora, o senhor querer me “definir” em função do uso da bandeira em minha casa e da cor da minha camisa é, no mínimo insensato e ridículo. Oh! Se for assim, então qualquer careca que aparecer à sua frente, em seu entendimento, ou é um monge budista ou está em tratamento de quimioterapia? Meu Deus, faça-me o favor, meu caro! E mais uma vez eu repito: a bandeira do Brasil é de todos os brasileiros e não somente de um "grupo de pessoas" que apoiam um certo "nome", ou sustentado por alguma ideologia ou partido político. Vocês não tomaram posse dela, entenda bem isto. – Disse-lhe então, e agora em grande tom de exaltação pelo que já estava me sentindo incomodado com a presença daquele insuportável sujeito.
- Não, não concordo. Quem não está conosco está contra nós. – Dizendo tais palavras, a revidar o meu raciocínio.
- Valha-me Deus! Isto é discurso de fanáticos, e eu acho que vocês cometem um enorme erro em pensar da maneira como pensam (se é que vocês realmente "pensam"!). Procuro ser neutro, pelo menos no presente tempo, já que nenhum dos principais candidatos me representa. Uma interessante verdade disse o grande Alan Watts: “Quem não concorda com os comunistas é chamado de capitalista e vice-versa”. Ao que ele bem completa: “E alguém que não concorde com nenhum dos dois pontos de vista está começando a ficar ininteligível”. A ser (o que acho) o que estou sendo para ti: “ininteligível”. Desculpe-me a sinceridade mais uma vez, oh! meu amigo, mas eu vou ter que dizer que vocês tem um cérebro menor que um bago de feijão, pelo que têm uma mente bitolada e estreita, a começar que nenhum de “sua turma” julga nada, a aceitar tudo de forma cega e inquestionável por parte do "nome" de quem são cegamente apaixonados. Eu, definitivamente, não consigo ser “assim”. E será que nenhum de vocês consegue ver que estão sendo manipulados, a serem fantoches da equipe de marketing “dele”?
Ah! A bem da verdade eu tenho que tirar o chapéu para ela, já que convenceram muitos a acreditar que a bandeira do Brasil é o “símbolo sagrado” de seu grupinho, a qual a levam com uma mentalidade a lembrar bem uma violenta “torcida organizada”. – Respondendo assim a ele.
- Você está me ofendendo. Eu vi a “nossa bandeira” em sua casa, embora eu acho que você não seja digno dela. Nós prezamos valores, a família e somos cristãos. - E com visível raiva disse-me tais palavras.
- "Nossa bandeira"!? Ora, pois! Permita-me dizer-lhe uma coisa, meu caro senhor: nos Estados Unidos é comum o sentimento de patriotismo a se ver na frente de muitas casas em função da bandeira americana. E lá, tanto “republicanos” quanto “democratas” usam a "mesma bandeira". Não existe esta divisão para que venha definir (ou discriminar) quem irá usá-la ou não. A bandeira dos Estados Unidos é de todos os cidadãos americanos. Meu Deus do céu! por que aqui têm que ser diferente? Ou será que também mudou a frase escrita na bandeira – “Ordem e Progresso” – e passou a ser: “propriedade do atual Presidente da República”? Ah! Quer saber? Me deixa em paz. Eu estava pensando em até retirá-la por causa desta maldita prosa, mas não irei fazer isto, não. Seria concordar com a sua ignorância. E este negócio de dizer que são "cristãos" não me convence e nunca me convenceu, pelo que o que se vê com muita frequência em vocês são discursos de ódio e intolerância. Oh! será que em suas bíblias não está faltando aquele versículo que diz "amai os vossos inimigos", o qual está no Evangelho de Mateus, capítulo 5 e versículo 44? Mas, quer saber? Não dá p'ra conversar com você (nem com ninguém de "sua turma"). Sai da minha frente. Eu não converso com insensatos e muito menos com fanáticos. Some daqui.
Pois é! com muita sabedoria disse alguém: “Todo fanatismo político (independentemente de sua ideologia), deveria ser mudo... e não cego” (Laerte Murandi). Bom, só espero que no período da Copa do Mundo ninguém venha a me confundir com algum “miliciano de determinado nome ou ideologia”, e, sobretudo, que não me vá incomodar com seus ridículos pontos de vista.
Permitam-me exercer a minha cidadania, pelo amor de Deus. Eu tenho este direito. Sou brasileiro tanto quanto vocês.
15 de setembro de 2022
IMAGENS: GOOGLE