Um balanço da vida.
Ele pegou papel e caneta e comece a anotar, em tópicos, todos os detalhes de seu próprio funeral.
Um caixão normal, sem muitos detalhes. A vestimenta poderia ser aquele terno antigo, que usava em ocasiões especiais, afinal este era um momento especial. As flores sobre o corpo, poderiam ser amarelas e brancas. As coroas de flores poderiam ser multicores.
Queria ser cremado, a ideia de ser consumido lentamente por vermes, na solidão de um túmulo, não lhe agradava. Gostaria que as suas cinzas fossem jogadas no mediterrâneo. A sua ancestralidade teve início mar mediterrâneo.
A esposa, a filha, os netos, irmãos, sobrinhos, enfim a família, não poderiam faltar ao enterro. Um beijo na testa gélida seria agradável para ele.
Os amigos que o abandonaram em vida, são dispensáveis e os inimigos não deveriam aparecer de forma alguma.
Não queria grandes discursos, preferia um fundo musical, até um canto feito pelos amigos que gostavam de cantar. Uma boa pedida poderia ser alguém cantando à capela a ária das Bachianas Brasileiras número 5.
Pensar no próprio funeral o lembrou que morreremos um dia. Assim, passou a valorizar cada instante e a vivê-lo intensamente, afinal, pode ser o último.
Pensar na morte serviu para ele reavaliar o rumo que anda dando a sua existência e o ajudou a identificar erros que cometeu, principalmente no relacionamento com pessoas importantes para ele.
Pensar no seu fim, foi a oportunidade de mudar o que estava errado. Reconciliar com aquele amigo ou familiar que hoje não participaria de sua derradeira despedida.