PINTURAS DE ACORDO (BVIW)

 

Como a antiga fotografia na parede, a das carinhas de bebê ou a do velho casal, substituída pelo porta retrato digital, percebo mudanças também na essência da gente.

 

O que se fazia ou pensava de um jeito ontem, hoje está bem diferente. Jogaram fora o manual memorizado anos e anos com tanta precisão, e nem houve tempo de compreender o atual retrato da vida.

 

Confuso está tudo, e confusa ando. Não sei afirmar se retrocedemos com a ausência do respeito e tolerância entre as pessoas, ou se evoluímos tanto em tecnologia que congelamos os sentimentos.  

 

É preciso equilíbrio mental para se continuar em harmonia em meio à discórdia e aos insultos globalizados. A inteligência artificial é útil, mas a emocional tem sido imprescindível para saber lidar com o novo normal, com as diferenças e os conflitos.

 

Esta crônica iniciou sem cor, é justo que a finalize com lirismo. E se o retrato da vida pudesse ser traduzido em pintura? O da Hildinha seria os girassóis de Van Gogh. Ela vive de olhos voltados para seu love. Já o da Isaura, "O Grito" de Edvard Munch. Coitadas das crianças! É cada susto com os escândalos da mãe. O meu, se me permitem, seria "L'éclair", da belga René Magritte. "O clarão", sugere o quadro, uma luz num dia cinzento. Ando mesmo à busca de paz nesses dias nebulosos.

 

Tema proposto pelo BVIW: "Retrato da Vida".

 

(BVIW - *BECOMING VERY IMPORTANTE WRITER/ "Tornando-se um escritor muito importante").