Minhas lentes (BVIW)
Acredito que todos nós temos referências sobre o que ou quem queremos ser. Quando criança eu observava peculiaridades nas pessoas que me cativavam. Lembro-me da professora Teresinha, do 4º ano, de fala suave, sorriso singelo e que conquistava, com seus méritos, o respeito dos seus alunos. Ela escrevia no quadro com uma delicadeza tal, que as palavras pareciam desenhos e, por isso mesmo, eu tentava imitar aquela letra bonita. Além desses atributos, o que eu mais admirava era a educação, a gentileza e a ternura que havia nos seus gestos. Queria ter aquela postura quando fosse adulta, dizia eu. Depois, já na adolescência, comecei observar as pessoas que exerciam, com maestria, os seus ofícios, quer fossem como marceneiros, comerciantes, médicos etc. O cuidado com o fazer bem-feito, e o respeito ao outro – seus clientes, eram atitudes que me despertavam admiração. Na fase adulta passei a observar o que as pessoas diziam e faziam, ou seja, se os discursos eram compatíveis com as suas práticas. O modo de pensar e agir em sociedade passou a ser minha referência de ética.
Então, a partir de alguns critérios, que serviram de lentes para as minhas observações, somei a elas princípios e valores moldando assim a minha personalidade. Aprendi, com o tempo, a perceber a importância que tem o retrato da vida na construção de referências que podem, ou não, ficarem como marca de sua existência. Penso nisso no meu agir.
Iêda Chaves Freitas
13.09.2022
Tema da semana: retrato da vida.