Qual o poema?

 

 

          1. De um amigo que, além de escrever belas crônicas faz lindos versos, recebi um longo WhatsApp. No SAP, ele pede que eu lhe diga qual o poema que mais gosto do poeta Castro Alves (1847-1871). Claro que não foi fácil responder e querem saber porquê?  Não tem segredo: porque todos os poemas do Cecéu são belíssimos. Eu os adoro.

          E aqui confesso: conquistei minha primeira namorada, recém-saído do seminário, recitando ao seu ouvido, de Castro Alves,  "O Laço de Fita". Até hoje ela se lembra. Ficou!

          2. Quem conhece a obra do Poeta dos Escravos, sabe que os seus versos são de um vate genial. Ele mesmo reconheceu sua genialidade quando, em "Mocidade e morte", afirmou: "Eu sinto em mim o borbulhar do gênio".  Ele foi um poeta como todo poeta deve ser: um cara loucamente apaixonado e acima de tudo ro-mân-ti-co. As mulheres invadiam fácil o seu coração, tendo dele mimosos poemas, mimosas rimas, versos mimosos. 

     3. Atravessou seu tempo entre nós - curto por sinal -, dizendo, em inspiradas rimas, coisas bonitas às mulheres que foi amando na sua Bahia e fora dela. Com o mesmo melodioso gorjeio, cantou seus amores bem-sucedidos e a perda ou o fracasso de uma grande paixão.

     Antes de responder ao amigo, que já telefonou uma dúzia de vezes, lembro que Antônio Frederico de Castro Alves nasceu no dia 14 de março de 1847 na fazenda Cabaceiras, interior da Bahia, e morreu no dia 6 de julho de 1871, em Salvador.

     4. Basta de blá blá blá, necessário, creio, mas parecendo um imenso nariz de cera. Respondo, então, ao amigo. Digo-lhe, de logo, que não é o poema que mais gosto do poeta de "Navio Negreiro" . Mas é aquele, cuja ternura e doce intimidade, faz-me  recitá-lo repetidas vezes. Rpeti-lo, é a prova de que "Adormecida" é um dos poemas de Castro Alves, gosto muito. 

     5. É um poema longo. Por isso, não o transcrevo na íntegra. Uma estrofe, a quarta, pelo menos. Sobre um jasmineiro, cujos galhos  acariciavam a jovem adormecida, o vate versejou: "Era um quadro celeste!... A cada afago/ Mesmo em sonhos a moça estremecia.../ Quando ela senrenava...a flor beijava-a.../Quando ela ia beijar-lhe.../ A flor fugia".

     6. Resposta do amigo depois que leu minha modesta crônica: "Não é que concordo com você! "Adormecida" é, em verdade, um dos poemas mais bonitos do nosso Cecéu". Aproveitei para dizer-lhe o seguinte: vivemos tempos tão difíceis, obscuros e amargos porque falta poesia no nosso dia a dia. E lembrei-lhe esta frase do nosso cronista maior, Machado de Assis: "Não é que a poesia seja necessária aos costumes, mas pode dar-lhes graça". E ele: O Bruxo tinha razão. Marcamos um encontro para conversarmos sobre poetas e rimas...

 

  

 

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 12/09/2022
Reeditado em 05/12/2022
Código do texto: T7604239
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