7 DE SETEMBRO DE 2022
Na comemoração dos 200 anos da nossa independência, brasileiros de todo o país foram às ruas demonstrar nossa alegria por vivermos num país maravilhoso e para alertar às “autoridades” que não abriremos mão da nossa liberdade, apesar das suas ações afrontosas às garantias elencadas no caput do Art. 5 da Constituição de 1988.
Pessoas passarão, entretanto, as instituições são permanentes e o respeito total às leis e a exigibilidade em cumpri-las, é o legado que devemos deixar para as gerações que virão.
Perto do meio dia, chegamos à Av. Paulista no centro da capital do Estado e já lá estava uma multidão vestindo amarelo. Há dez anos, quando mudei para cá, meu conceito de “multidão” estava baseado no povaréu do desfile do Bloco Galo da Madrugada, aos sábados de Zé Pereira pelas ruas estreitas do bairro de S. José no Recife, minha cidade natal. São Paulo tem sete vezes, ou mais, a população do Recife e a cada intervalo de três ou quatro minutos, pelas saídas das estações do metrô, acrescentava-se um Galo da Madrugada aos outros já presentes que não se intimidaram diante do tempo carrancudo, nubladão, termômetros marcando 12ºC, com chuva miúda intermitente, além dos reiterados prognósticos de violência urbana.
Paz e harmonia deram o real significado ao evento.
Vi pessoas vestidas de vermelho, algumas com adesivo de candidatos do partido dos trabalhadores, mas ninguém as molestou com palavras ou gestos agressivos. Apenas foram ignoradas.
Os policiais tiveram, talvez, o dia mais tranquilo de suas vidas, pois diferente do que ocorre nas manifestações da esquerda, nenhuma ocorrência de roubo, furto de celulares ou carteiras, nenhuma agressão pessoal, nenhum distúrbio, nenhuma pichação, nenhuma vitrine quebrada ou lixeira incendiada pelos membros das famílias presentes.
De sonolentos bebês de colo aos desdentados vovôs com muletas ou cadeiras de rodas, a maioria portando a nossa Bandeira, alegres por participar da festa ao som dos Hinos Nacional e da Independência.
O caminhão de som franqueou a palavra aos manifestantes, com ou sem títulos honoríficos, pretensões políticas, vindos dos mais diversos cantos do Brasil ou do mundo*. Foram proferidas inúmeras orações e discursos com variados sotaques em apoio ao nosso Presidente Bolsonaro.
Saliento dois fatos dignos de registro:
O primeiro foi o anúncio pelo caminhão de som de que haviam encontrado carteira com dinheiro e documentos. O nome da pessoa foi veiculado várias vezes e também o aviso de que, se a dona não aparecesse, a carteira seria entregue à seção de perdidos dos Correios.
O outro fato ocorreu quando eu fui comprar água. A carriola com enorme isopor repleto de latinhas de cerveja, refrigerantes e garrafas d’água estava cercada de pessoas aguardando que o vendedor voltasse. Ele havia se retirado para arranjar o troco de um dos presentes.
Ninguém meteu a mão para se servir e sair sem pagar.
O vendedor perguntou: de quem é a vez?
Os presentes me indicaram.
Eu retruquei: eles já estavam presentes quando cheguei. Um deles, segurando a mão do filho pequeno, disse: o senhor é idoso, tem a preferência.
Eu respeito as filas por ordem de chegada e não faço questão de ser atendido antes das outras pessoas, mas tive que aceitar a preferência legal por conta da minha velhice e agradeci a todos pela demonstração de que os valores sociais que aprendi na infância ainda vigora entre as pessoas de direita, decentes e honestas desde a origem.
• Há em S. Paulo, brasileiros de todos os Estados e imigrantes de países em número superior ao da ONU
Paulista = nascido no Estado de S. Paulo
Paulistano = nascido na capital do Estado