Pensando otimisticamente
A rainha Elizabeth II morreu, o que é uma prova inequívoca de que a morte faz parte da vida. Fato inevitável, irrecorrível, do qual nem reis e rainhas (os que ainda resistem) conseguem escapar.
Diz o noticiário que morreu aos 96 anos. Para mim, porém, aparentava mais. E isto é um elogio. Aparentava, no mínimo, uns 200 anos, em razão da áurea mística e histórica que a rodeava. Viveu para ver 24 eleições americanas, 2 Guerras Mundiais, 21 Copas do Mundo, 23 Olimpíadas, 6 conclaves, a queda das Torres Gêmeas, o nascimento da URSS, o acidente nuclear de Chernobyl, a Revolução Francesa, e até o rebaixamento do Corinthians para a Série B, 2007.
Segundo as más línguas, contudo, só não viu o Mundial do Palmeiras, o que é um evidente exagero.
Ora, o Palmeiras tem Mundial, sim, e não apenas a FIFA pode comprovar. Tenho quase certeza que se perguntassem à Sua Majestade a respeito, asseveraria que o Palmeiras não apenas tem Mundial, como ela tem uma leve queda pelo Palmeiras, sendo verde uma de suas cores preferidas.
Penso otimistamente a esse respeito, a real possibilidade de a rainha Elizabeth II ser palmeirense, apesar de que, tal qual a maioria dos mortais, só a conheci de vista e de televisão. Eu aqui, do meu quintal de casa - Alagoas-, ela lá, no Palácio de Buckingham (Londres, Inglaterra): separados por uma tela 32 polegas HD. O que me leva a essa consideração é o fato de que as vezes em que a vi estava de verde e com um sorriso de moça de vinte anos, no auge da candura e desvelo. Aí, aos poucos, fui juntando os polos, a cor ao sorriso, a juventude ao desvelo, cuja conjugação deu Palmeiras.
Não quero com isso, no entanto, que se suponha, a partir desse raciocínio, que necessariamente moças de vinte anos, no auge da candura e desvelo, sejam palmeirenses. Longe disso. Não, não são. São flamengo, como comprova a estatística, com zero de margem de erro. Mas, no íntimo, eu me alegraria em saber que a rainha Elizabeth II é palmeirense, apesar de nunca ter revelado publicamente. Talvez até desconhecesse o alviverde imponente; talvez até supusesse jamais tratar-se de time de futebol, mas de nome de tribo indígena.
Não faz mal não. Nós, os palmeirenses e demais lunáticos, a perdoamos e nos despedimos, em bom tom, pensando otimisticamente: "O comunismo salve a rainha!"