O absurdo

Já desisti de ser erudito, porém ainda anoto pensamentos. Hoje por exemplo, não tive minha musa me acompanhando no bólido que me traz ao escritório, porém isso me deu espaço para divagar sobre outras coisas pelo caminho. Tenho o privilégio de dispor de um par de fones ouvido e uma conexão com a internet, então vim ao trabalho ouvindo Black Sabbath. Tenho uma relação dicotomial com os outros passageiros, há alguns que me trazem um asco irracional, nem conheço a pessoa, mas já não gosto. Outras já me chamam a atenção.

Os fones ajudam nisso, posso fingir que estou alheio ao mundo, apesar de observar silenciosamente o que acontece ao redor. Uma garota, sentada na última fileira do ônibus, me observava. Será que era curiosidade? Estranhamento? Desejo? Não sei. As vezes era alguém que eu conheço e não me recordo. Uma ou duas vezes até chequei a mim mesmo procurando algum botão da camisa fora do lugar, a mochila aberta ou coisa que o valha, mas minha aparência estava socialmente aceitável, nada anormal.

Esta questão me voltou ao presente. Acordei antes do despertador pensando nos sonhos que tive esta noite, desagradáveis. As vezes preciso do impacto do real pra voltar a pensar sobre a realidade e a existência.

Sempre acabo achando que é absurda.

Rodrigo Margini
Enviado por Rodrigo Margini em 08/09/2022
Código do texto: T7601065
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