É, autor. Os tempos mudam (não?). Os tempos ("Os tempos": afinal, não haveria um único Tempo, Senhor de tudo? O que são esses outros "tempos"? Que significam eles?) se vão; devem pertencer ao leito do Rio do Tempo. Devem se esvair e ir desembocar nalgum Oceano do Tempo. A invenção do Tempo parece ter complicado a Vida do Ser Humano. De um lado, o Tempo existe: os segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses, anos, décadas, séculos, milênios, eras, têm uma representação significativa em nossa vida. Por outro lado, tudo não passa de ilusão: são apenas medidas matemáticas para situarmos nossas vidas. Há algo mais complicado sob nossos pés. Algo paralelo à nossa existência. Algo que se oculta tão bem que o faz sob o disfarce da Realidade. Por estar onipresente (essa Entidade Misteriosa, esse Enigma-Ainda-Presente), não se permite ver como o resto das coisas assim o faz. Há, por certo, o Invisível – ele se faz sentir.* Sobre o que nós ainda não sabemos sequer um fragmento de núcleo atômico, devemos continuar procurando saber. Mesmo que, para tanto, continuemos a procurar – por milênios.

 

NOTA

 

* Quem já leu o Tractatus Logico-philosohicus de Ludwig Wittgenstein percebeu a semelhança entre esse trecho e a referida tese do Filósofo do Círculo de Viena. Não por acaso, claro...