Como choveu, e ainda continua chovendo!!!
Acorda, levanta abre a janela o céu carregado de nuvens cinzenta. Seu animo temporal está se formando dentro de si também, previsão de chover bicas e ventar, trovejar. Esses trovões podem fazer tremer todo seu corpo. Nem quer pensar que aconteceu ontem!!! Nota seu corpo se movendo de um lado pra outro como um pugilista que castiga a cabeça dos imprudentes. Relembra o quanto foi feliz quando criança dentro de casa. Lá fora começa chover, é chuva máscula que engravida córregos, arroios e rios. Essa parece chuva dentista que arranca troncos de árvores cariados pelos cupins e os carrega correnteza abaixo. Com barulho das goteiras nas telhas sente vontade de voltar pra cama, olha pela janela e vê um senhor se lutando e defendendo com o guarda-chuva da correnteza que cai do céu.
Volta apensar o que ocorreu ontem, esta sofrendo e passando por maus bocados debaixo de temporais. A chuva cai, lembra do primeiro sufoco que aconteceu era criança, se tivesse uns oito anos. Tudo estava calmo, mas ela preferir outro ninho, as nuvens untaram-se a óleo diesel queimado. Mas o primeiro desprezo teve “remar” contramaré, subiu num pé de manga. Galgou os galhos mais altos no encalço de livrar das ondas das águas da enxurrada.
De repente, começou a ventar forte. As rajadas de vento levavam os bem-te-vis de um lado a outro, como se fossem pedaços de pano. E eles lá do alto, comportando como bajuladores. A ventania aumentou e, quando deu por conta, soprou uma rajada de vento tão brusca que arrancou o pé de manga e o atirou violentamente ao chão. Na verdade, foram atirados os dois: Eu e o pé de manga. Não demorou um segundo para cair chuva de pedra. Todavia, nada disso deixou nele qualquer trauma.
Houve também um sábado que guardou bem na memória. Tinha uma festa lá no Paredes. Uma festa de comes e bebes. Vinha sozinho pela estrada que descia do sul em direção a sua casa, a fim de embonecar com roupa domingueira. Passou pelo prado, pondo todo o coração no canto. Ao pular a cerca de pedra, um relâmpago rasgou as nuvens. Depois mais outro. Colocou molas nas pernas. Desceu ladeira íngreme a toda pressa.
A poucos metros de sua casa, mal teve tempo de saltar um pequeno barranco e, de forma inesperada, desabou no meio do chão. Só deu por si alguns segundos depois, com o cão Tupi sentado junto aos seus pés, abanando o rabo de leve. Levantou meio zonzo.
Entrou em casa, não havia luz, iria recolher as roupas do varal, não havia mais roupa e nem varal. O raio queimara o fio de arame. Foi até a árvore que sustentava o varal, estava aberta ao meio pela machadada do raio fulminante. Mais uma vez, porém, o susto não apagou sua coragem diante dos fenômenos da natureza. Ao contrário, sentiu como se tivesse tido uma iluminação.
O que faz conservar suas lembranças da infância é o nariz mais do que os olhos. A riqueza de cheiros está em toda parte. O pés chapinhando poças d’água. O cheiro de terra molhada. O cheiro da uva madurando no parreiral depois da chuvarada. O cheiro da mata se resfolegando com um chuvão daqueles.
Estiagens, com seus braços mais curtos ou mais longos, que deixam o ar parecendo fumaça e pesado como chumbo, com nuvens de poeira por todo lado. Esta calor demais, faz com que as pessoas andem de boca aberta feito uns corvos velhos, traz uma certa aflição de espírito. Portanto, que chova e chova, até secarem seus olhos.
Acorda do pesadelo, és um senhor bem idoso agora...... esta sozinho naquele asilo que passou em frente muitas vezes, esperando que ela venha antes que chegue o final!!!!