EU QUERO

Talvez não devesse escrever sobre isso, pois os tempos estão sombrios; mas não estou conseguindo conter a minha vontade de expor algo que me parece ser muito estranho...

Em 2000, após 15 anos de serviços dedicados à Volkswagen, fui demitido. Restou-me procurar um advogado disposto a enfrentar a poderosa multinacional em busca dos direitos trabalhistas que me foram cerceados.

Foi uma busca desesperançosa. A Volkswagen não perde causa, diziam – e essa é uma causa perdida. Uns confessavam não ter condições de enfrentar a Volkswagen enquanto outros, simplesmente não se interessavam.

Mas acabei conseguindo um defensor local, e fui através dele buscar nas barras assimétricas da Justiça, conforme bem diz o radialista desportivo Milton Neves, aquilo que me era direito no contexto trabalhista.

Meu processo perdurou por 12 intermináveis anos, num tempo de STF comedido, quando ainda era comum ao brasileiro saber a escalação do seu time de futebol, da seleção brasileira e não conhecer os ministros da nossa corte suprema, nomes como Carlos Veloso, Marco Aurélio de Melo, Mauricio Corrêa, Nelson Jobim, Elen Gracie, Gilmar Mendes (era um outro Gilmar!), Cesar Peluso.

Ao longo desse tempo, busquei formas alternativas para sobreviver com minha família. Tornei-me catador de reciclável na rua e vendedor de sanduíche natural na praia, enquanto tentava manter minha lojinha no Terminal Rodoviário Tude Bastos, localizado no Imperial Sítio do Campo, a Itaperuna Fashion.

Eu me sentia sob o efeito deletério de uma praga, que poderia levar-me a um destino pior. Um cooptador eleitoral, descontente com minha recusa em apoiar suas pretensões eleitorais, praguejou: “É uma pena que você PENSE assim, Celso. Pois, enquanto pensar assim, você não conseguirá nada, nem para um café, nesta cidade.”

Nesse tempo, meu Deus, vi Lula chegar à presidência por duas vezes, vi Dilma chegar à presidência também por duas vezes, mas nunca, com o meu voto nem dos meus familiares. Vi o País deteriorando aos poucos, afogando no mar da corrupção de toda ordem; vi candidato a prefeito dormir eleito com mais de 5 mil votos de vantagem sobre o adversário e acordar derrotado com cerca de 3 mil votos de desvantagem para esse mesmo adversário.

Não consigo deixar de pensar nas pessoas que nesses últimos anos, devem estar dependendo do julgamento de seus processos em definitivo pelo STF. Quantos não devem estar desesperados, passando fome, vendo suas famílias destruídas, seus projetos sepultados enquanto o STF se ocupa de ficar 24 horas por dia a disposição de parlamentares como o Sr. Randolfe Rodrigues e outros, querendo de todas as formas desestabilizar o governo de Jair Messias Bolsonaro, democraticamente eleito em 2018, com 55.205.640 votos (55,54% dos válidos).

Hoje, não sabemos qual é a escalação da seleção brasileira para a sua estreia na copa do mundo do Catar no dia 24 de novembro de 2022, mas conhecemos a escalação dos 11 ministros da nossa Corte Suprema e suas origens. Conhecemos também, suas ações rotineiras e incompreensíveis, como a de nos empurrar goela abaixo um condenado em várias instâncias pela Justiça, para que esse pudesse “voltar à cena do crime” (Geraldo Alckimin), soando tudo isso, muito estranho....

Eu, cidadão brasileiro e eleitor, quero a volta do STF verdadeiro, às vezes demorado na sua aplicação de justiça, mas verdadeiro! Não esse que aí está, serviçal, ideológico, militante, que se apropria como suas, as prerrogativas constitucionais exclusivas dos poderes Executivo e Legislativo e se coloca de costas para o povo de onde emana os poderes do Legislativo e Executivo, mas que o poder Judiciário vilipendia e tripudia, porque é o único não eleito pelo Povo, mas nomeado pelo compadrio pervertido, corrupto e criminoso, não necessariamente nessa ordem.