O homem dos blocos de vidro (I)
O homem empilhava blocos de vidro em um cômodo em que cujas paredes eram brancas. Tal como a sua mente, ora pesada e dormente, sem perceber que o vazio preenchia cada quadrante, escorrendo pelos objetos ecoando um suave vento. Cada bloco era sobreposto, organizadamente, repetidamente, insistentemente de modo, que ficasse bonito e protegido, embora estivesse frágil, passou a vida acumulando blocos diariamente naquele recinto que só existia em sua mente. Um dia, alguém invadiu o cômodo, objetivando alterar a ordem de cada bloco. Então, disfarçadamente, ela retirava um bloco de cada vez e jogava contra a parede. Enquanto o homem dormia, ela juntava os cacos e formava outro objeto, aos poucos moldava a estrutura que desejava em seu íntimo, encaixando entre os cacos diversos espinhos para que o vento dançasse.
Quando o homem despertou, sentiu dor nas mãos, e poupou usá-las, temendo que aumentasse o desconforto. No mesmo dia, ele comprou remédio que após o uso, ficou inquieto. Ao deitar, não sabia como encontrar os blocos de vidro e a dor intensificou lhe causando descontentamento. Neste dia, ele não guardou o bloco de vidro no cômodo.
Na noite seguinte, disfarçadamente a mulher entrava no cômodo e retirava um bloco de vidro da ordem. Aumentava gradativamente seu lançamento ao jogar o bloco contra a parede. A mulher roubou a chave da porta, e o homem tinha apenas a vaga lembrança de uma casa, não desconfiava como alguém pode invadir e quebrar lentamente cada partícula de seus sonhos.