O MENINO E A TELEVISÃO

O MENINO E A TELEVISÃO

Autor: Heribaldo de Assis *

(veja o vídeo- texto nesse link https://www.youtube.com/watch?v=EjJwJdUqfDM O menino e a televisão

Não lembro-me quando apaixonei-me por ela pela primeira vez, não lembro-me quando a assisti pela primeira vez mas, certamente, meus olhos brilharam, ficaram fascinados por aquela caixa mágica na qual eu queria entrar e fazer parte daqueles mundos: ajudar meus heróis a vencerem os monstros que ameaçavam o planeta Terra, pedir bênção a Dona Benta e comer os bolinhos de chuva de Tia Nastácia, proteger as mocinhas que eram maltratadas pelos vilões. Mas aquele garoto, aquela criança que eu fui tinha que assistir televisão nas casas dos vizinhos porque minha mãe não tinha condições de comprar uma e meu pai já não residia conosco – por várias vezes fui enxotado da casa de uma vizinha, fui humilhado pelo simples fato de que eu não possuía uma TV dentro de casa e tinha que assistir nas casas dos outros: e eu tinha apenas 5 anos de idade. E por ver a situação humilhante pela qual eu estava passando a minha mãe disse-me: “ - Um dia meu filho eu vou comprar uma televisão para você.” Comecei a assistir televisão (na casa dos outros) muito cedo – com 5 anos de idade ( o ano era 1971) – a primeira novela que assisti foi Sol Amarelo (1971) – assisti em pé, apoiando meus braços infantis na janela da casa de uma vizinha (a televisão ficava na sala dela) – desde então guardei (desde os meus 5 anos de idade) o nome da atriz protagonista daquela novela - aquela que iria ser a minha atriz favorita: a grande Laura Cardoso – a maior atriz de novelas da História do Brasil! A atuação dela em Sol Amarelo causou-me tanto impacto que carreguei (desde os meus 5 anos de idade) o nome de Laura Cardoso em minha memória – muito tempo depois descobri que ela nasceu no dia 13 de setembro e eu, coincidentemente, nasci no dia 15 de setembro. Somente em 1977 ou 1978 (não lembro-me bem) é que minha mãe finalmente consegui cumprir a sua promessa: adquiriu uma televisão Colorado RQ preto e branco – eu tinha 10 anos de idade e considero aquela antiga televisão o melhor presente material que recebi na vida - naquela época as pessoas chegavam até a colocar plásticos coloridos aderentes a TV para tentar fazer com que as imagens aparecerem em cores. Eu sou uma memória viva da TV brasileira: acompanhei às grandes novelas, assisti à bons programas de televisão, presenciei as reportagens de fatos que abalaram o mundo, vi comerciais criativos (e por isso tornei-me redator-publicitário), torci pelas vitórias do meu grande herói esportivo. Vi a primeira geração de atores e atrizes de TV do Brasil atuarem e também presenciei o surgimento da segunda geração de atores e atrizes. Na minha época a televisão era o veículo de comunicação mais importante e, ao meu ver, nenhum veículo de comunicação causou tanto impacto na História Humana quanto a TV pois aliou a palavra à imagem em movimento! Aquele menino que eu fui e que ainda sou sonha em trabalhar na televisão, sonha em escrever grandes novelas, sonha em produzir criativas propagandas para todos assistirem, aquela criança pobre que foi expulsa apenas porque queria assistir televisão sonha em viver do próprio talento, da própria arte e produzir espetáculos belíssimos, fazer sucesso, alavancar a audiência, receber aplausos, prêmios e ajudar a fazer com que a televisão brasileira tenha o mesmo prestígio de outrora, a mesma grande criatividade de outrora. E assim , ironicamente, aquele pobre menino, aquela pobre criança que era afastada de frente da TV porque a mãe não tinha condições de comprar uma – terá para sempre o seu nome na História da televisão brasileira e outros meninos pobres, criativos e sonhadores também poderão ter esperança de que um dia também poderão fazer parte daquela caixa mágica, daquele mundo mágico que a TV traz para milhões de lares porque a TV mostra que todas as coisas maravilhosas são possíveis de serem realizadas através do Amor e do Poder da imaginação e um dia , quem sabe, a TV nos mostre um mundo de paz, de fraternidade, um mundo sem guerra e sem fome, um mundo no qual todas as crianças tenham direito a uma boa escola, a uma boa alimentação e também o direito de terem uma televisão – porque no fundo a vida também é uma grande novela: existem os vilões e os mocinhos, existem os que fazem o mal e os que fazem o bem, existem o que são egoístas e os que compartilham o pão, existem o que fazem guerra e os que pedem paz, existem os que não respeitam a vida e os que protegem os animais e a Natureza. A vida é uma novela sim – todos nós somos atores, somos personagens do Bem ou do mal, do Amor ou do ódio, da paz ou da violência, da fraternidade ou do egoísmo mas lembrem-se: Deus está nos assistindo através da tela cósmica pois o Universo também é uma grande televisão!

* escritor, filósofo, poeta, compositor, redator-publicitário, roteirista, Licenciado em Letras e autor do livro Redações Artísticas – a arte de escrever.E-mail: herisbahia@hotmail.com

Heribaldo de Assis
Enviado por Heribaldo de Assis em 03/09/2022
Reeditado em 03/09/2022
Código do texto: T7597418
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.