Aventuras de um louco IX
Durante minha passagem na terra sofri perseguições.
No plano espiritual.
Duas.
Quiçá três.
Encarnações beberam utilizando-se de mim.
Legiões espirituais fizeram proezas.
Certa feita.
Na Pizzaria do Jésus.
Usualmente sendo usado fio condutor.
Beberam através de mim 02 (duas) caixas de cerveja.
- A cerveja que tenho pra trabalhar;
- Você bebendo sozinho;
- Sem nem mesmo embriagar! - repreendia o dono do Bar.
Eu apenas canal de comunicação.
(a legião é que embebedava)
Saia acompanhado igual entrava.
Os frequentadores rodeavam a mesa de sinuquinha pra me ver jogar.
- Consegue matar, na caçapa do meio, bola que não tem corte - dizia aos outros o jogador apelidado "Louro".
- Só pode ser coisa do capeta! - inflamava.
Daqui a pouco parou uma guarnição da polícia militar.
O policial recebeu a denúncia de outro policial, vizinho meu.
Alguém havia saído de minha casa levando o meu carro.
Eu nem ali.
Tava no boteco.
Quando passei por minha primeira Comunidade Terapêutica.
Já perto da formatura de internação.
Autorizaram uma viagem minha à Capital.
Pra me defender perante a Ordem.
Aquele policial.
Certo ou errado.
Bom mesmo era frear a intensidade.
Fui absolvido igual Maria Madalena, para que não viesse a pecar novamente.
Evitando roubos e arroubos de festas na vizinhança.
Hoje nos toleramos.
- Modifiquei o meu modo de vida - parafraseando Roberto Carlos.
Parei de beber pros espíritos.
E não sou mais perseguido por policial algum.
Contudo.
Permaneço treinando a Sinuca profissional.
Mês passado cheguei às finais nos Jogos da Advocacia Mineira.
(na Capital)
Sem precisar mais da ajuda de capeta.
Sou medalhista de prata.
Ainda no palco de receber a medalha.
Recitei um poema.
Confesso que precisei de outras internações.
Pra me ver livre de perseguições da bebida e droga.
Automedicação.
"A importância da vida e da sobriedade."