Das Minhas Lembranças 37
Ser um conselheiro do meio ambiente me deu a chance de aprender e levar conhecimento à várias pessoas. Educação ambiental era uma das atividades, sempre com o suporte do mandato da Vereadora Letícia da Penha-PT. Fiz palestras em escolas, igrejas. Por onde passava, falava de protegermos as águas e de implantarmos a coleta seletiva. A bacia hidrográfica de Várzea das Flores ( Contagem e Betim) era a menina de nossos olhos, com desdobramentos na bacia da Pampulha, em BH, uma vez que muitos córregos de Contagem desaguam na Lagoa da Pampulha.
Nas organizações de bairros eu sempre repetia, como um mantra sobre a coleta seletiva. Nas escolas, sobre Vargem das Flores. Tínhamos pressa. E para que isso se tornasse realidade, não bastava convencer a população. Precisávamos convencer as autoridades. Entre as ações, por meio do Deputado Estadual Rogério Correia, conseguimos, depois de idas e vindas, reuniões, debates, criar a APA Vargem das Flores. Outra iniciativa foi a criação da ASMAC, Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Contagem. Além do trabalho de convencer as autoridades, precisávamos catar catadores, os principais protagonistas da criação da entidade. Para juntar os catadores e criar a ASMAC, a participação do Padre Ferreira foi fundamental. As conquistas não caem do céu. Até chegarmos a esse estágio, tivemos de superar obstáculos. Necessário a participação popular. Foi isso que fizemos nas palestras nas escolas Ovídio Guerra, no bairro Eldorado, numa escola em Nova Contagem e em vários debates com organizações da sociedade civil. Produzimos e distribuímos boletins, vídeo. Na escola Ovídio Guerra, com um projetor eu mostrava e palestrava para alunas e alunos sobre Vargem das Flores e os córregos que formavam o lago. Muito lixo no curso dos córregos: garrafas pet, brinquedos e sacolas de plástico, pneus, sombrinhas, tecidos. Eu e a cinegrafista Marli Côrrea (estávamos produzindo um vídeo) seguimos o curso de um desses córregos, à partir do Bairro Retiro até ele desaguar no lago. Que tristeza! No percurso, esbarramos com um varal de roupas e outras tralhas, onde o ribeirão fazia uma curva acentuada. Era uma cerca de arame farpado. Quando o córrego enchia, as peças de tecido carreadas se prendiam na cerca. Assim que as águas baixavam surgia aquela imagem surreal, parecida com uma tela de Salvador Dali. Mais triste ainda foi ao chegarmos no lago: milhares de garrafas pet, uma montanha. Um funcionário da prefeitura me revelou que caminhões saíam dali, lotados. Nesse dia, o recolhimento das garrafas não aconteceram.
Para não alongar, deixarei para o próximo capítulo o que aconteceu numa escola de Nova Contagem e numa Igreja Católica do Bairro Riacho das Pedras.