Do Sonho ao Pesadelo
Sabe aqueles sonhos malucos, tão improváveis que os damos como impossíveis? Pois bem, essa noite tive um deles.
O Flamengo vencia o Corinthians na final da Copa do Brasil depois de um jogo emocionante, em que Cássio fazia milagres até os últimos minutos, quando Pedro finalmente marca o gol do título, fazendo explodir o Maracanã em uníssono: "Vamos, Flamengo! Vamos ser "campeão", vamos Flamengo".
Em Guayaquil, o tricampeonato da Libertadores vinha com uma vitória apertada sobre o Atlhletico, que no fim apelava para a violência a mando de seu treinador. De nada adiantaram as sapatadas e provocações. Ao último apito do árbitro, Diego Ribas novamente, acompanhado por Everton Ribeiro e Diego Alves, erguia a sonhada taça, enquanto a arquibancada cantava emocionada: "e agora seu povo quer o mundo de novo".
Depois da queda nas semifinais da Libertadores, o Palmeiras perdeu o foco no Campeonato Brasileiro, desperdiçando pontos atrás de pontos. Inconformada, a torcida alviverde via, incrédula, a diferença de pontos para o time B do Flamengo desaparecer. O título certo deixou a Barra Funda e rumou para a Gávea. O inacreditável acontecia. O Flamengo de 2022 superava o fantástico time de 2019. Justiça merecida a Dorival Júnior depois da saída em 2018. A torcida maravilhada gritava o nome do treinador e de seus ídolos. "Incrível! Incrível"
Flashes. Câmeras do mundo todo fotografando a final. O todo poderoso Real Madrid entrava em campo trajando o tradicional branco. Do outro lado, o rubro-negro carioca confiante. Flashes. Divididas duras. Tensão. Muita vontade em campo. Flashes. Vini Jr avança. Flashes. Vini Jr balança na frente de David Luís. Mais flashes. A torcida merengue explode. Santos se lamenta. Flashes. Todo o time de Madrid vibra, menos Vini Jr, as mãos levantadas, o semblante fechado. Flashes. O atacante, o autor do provável gol do título, não comemora. Flashes. Vini Jr caminha solitário para o meio-campo. Flashes. Apito final. O homem do gol é entrevistado. Chora. Melhor em campo, gol decisivo, campeão mundial. Ao microfone, suas únicas palavras: "Me perdoa, Nação."
Acordei. Do sonho ao pesadelo. E fiquei matutando o dia inteiro.
(Alberto da Cruz)