O ASTRO DESPERCEBIDO

 

 

     2022...

     O ano da pandemia e dos pandemônios do terraplanismo e de Putim!

     E ninguém duvida que o páreo eleitoral será um dos mais importantes da história desse país.

     No ar, o tradicional primeiro debate em rede aberta de TV.

     Audiência altíssima.

     Certamente muitos comentários na boca do povo no dia seguinte.

    Findo o vergonhoso bate-boca, suspeito que poucos atentaram ao verdadeiro astro da noite. Talvez nem tenham se dado conta que ele foi (e tem sido) a verdadeira causa da desconfiança do povo em relação às promessas propaladas. É que ele foi (e tem sido) vítima de um efeito muito comum que podemos perceber nos tique-taques dos relógios despertadores analógicos: o cérebro deixa de dar atenção a um estímulo sensorial constante. De forma semelhante, nosso astro acabou, como sempre, virando um Zé Ninguém. De tão falado, passou despercebido.

     Não sei como ainda não foi protagonista de alguma das histórias de Agatha Christie ou então alvo de alguma investigação de Sherlock Holmes...

     Não adivinhou de quem estou falando?

     Ora, do Número. Aliás, nosso astro é um coletivo: Os Números...

     E a era da pós-verdade é o corolário da ineficiência de nosso sistema escolar que ainda afunda os alunos em suas carteiras para que ecoem regrinhas que não entendem.

     Não sabemos contar direito.

     Não gostamos de olhar estatísticas.

     Deus nos livre de ter de parar e fazer algum cálculo para ver se os candidatos Muito Ruim e Apenas Medíocre estão dizendo a verdade.

     Bem feito (Deus me perdoe!), mas já cheguei a pensar que o povo tem o governo que merece, pois, enquanto dados oficiais comparados não forem o ponto de partida para sabermos em quem depositar a confiança na hora da urna, talvez pouco ou nada mude na pátria amada Brasil!

 

 

31.08.2022