ACHADO DE SORTE (BVIW)

 

Semana passada um idoso perdeu sua carteira com documentos e algum valor. Foi achado por um bom samaritano que usou as redes sociais para fazer a devolução. Nobreza de caráter deveria ser regra, e não causar admiração. Diferente da pessoa honesta, Cicrano não teve a mesma decência. Funcionário de uma grande indústria com cargo admirável. Apesar da vida confortável, o rapaz tem veia malandra, gosta de passar a perna nos amigos e parentes.

 

No Natal de 2013, no fim do expediente, vestiu o blazer com a logo da empresa sem conferir se era o seu, e quando meteu a mão no bolso direito, no lugar das chaves do carro, teve a surpresa, havia uma dinheirada. Na hora entrou no veículo rindo do “otário” que havia perdido a bolada. Não se importando com o prejuízo do dono daquele valor, foi direito para o melhor shopping a caminho de casa. Comprou eletrônicos supérfluos, melhores vinhos, o tênis lançamento do ano. Fez a festa!

 

Decidiu não contar para a namorada, afinal a sorte era só dele. Egoísta toda vida. A alegria, porém, não demorou tanto. Passada a euforia e a cegueira da ganância, lembrou-se: o paletó era o dele mesmo, e o vil metal era seu décimo terceiro mais a soma da poupança da Liz. Iriam para a viagem dos sonhos dela. O que virou pesadelo dele. Odiou a mania de preferir dinheiro na mão a cartão. A improbidade o fez perder o passeio e a namorada. Contraiu dívida para ressarcir seu ex-amor.

Quem tudo quer, tudo perde!

 

 

 

Tema proposto pelo BVIW: "Crônica livre com a inclusão de um ditado popular".

 

(BVIW - *BECOMING VERY IMPORTANTE WRITER/ "Tornando-se um escritor muito importante").