O velho tédio

Estou sozinho em casa refletindo sobre os destroços que ficaram no caminho de imensos abismos almejados entre os tais prazeres de estar contigo e sentir a solidão da manhã em outro dia que simplesmente finda de forma monótona. E quando a noite se faz presente em um tédio destrutivo, enfrento os absurdos da lógica, da realidade da vida em cada reprise do dia e da noite, numa quase infindável rotina.

E enfim, do que adianta viver assim? É justo o ser humano viver desta forma,? Vale a pena viver na insatisfação da existência? Como encontrar sentido onde não existe? E o que tu achas de viver na distorção da mente? Será com o máximo de prazer hedonista? Ou se conformar e enfrentar esse velho tédio de sempre, de forma legal e patronizada, sem artifícios de recursos químicos, mas encarar de frente a verdade nua e crua da vida.

Entrementes no século 19, o escritor e poeta Francês Charles Baudelaire nos revela e nos sugere que a melhor solução seria os tais paraísos artificiais. Onde o homem viveria em pleno êxtase dos sentidos! Através de uma mudança de atitude e com a concepção de sua consciência alterada por algumas substâncias químicas, com o pretexto de libertar a mais pura essência do ser humano para o caminho de sua felicidade. Mudando de forma radical o estilo de vida em sociedade.

Sem dúvidas nenhuma, teoricamente é muito interessante sair da responsabilidade da realidade concreta, chata e monótona e se enveredar pelo o caminho do abstrato, onde tudo é quase perfeito. No entanto se formos refletirmos sobre o fato de que é um caminho sem volta e inútil e de uma formosa viagem entorpecida e maravilhosamente estúpida; apesar de todos os prazeres alucinógenos que geram várias e agradáveis sensações. Todavia essas drogas nos convidam para vivermos num mundo de sonhos entorpecidos como as tais portas da percepção do escritor Aldous Huxley.

Contudo seria uma evidente tragédia grega de uma fórmula da autodestruição. Por fim seria uma trama de intrigas venenosas que intoxica o organismo do corpo, o templo do divino espírito; dessa máquina tão perfeita e

frágil. Pois bem, usarei essa metáfora alusiva: é como atravessar um barco num tal mar de imensas ilusões, sem bússola e sem direção e sem leme. Certamente o navegador ficará a deriva e poderá se chocar nas grandes pedras traiçoeiras da decepção e se sorte tiver, numa ilha isolada da solidão da ilusão, do engano e do erro.

Em síntese eu acredito e penso que o prazer humano pode ser vivido de forma livre e responsável, portanto que seja no linear de suas funções mentais, sem precisar de algum artificio alucinógeno no qual a pessoa perde a vontade racional, espontânea e emocional. No entanto eu penso: que agindo desta forma e com essa mentalidade, eu posso afirmar com toda convicção; que está é que é a verdadeira liberdade. E que ser livre na minha concepção é ser livre de qualquer tipo de vícios nocivos para o ser humano e a sociedade como um todo. Pois acredito sim, que a pessoa humana pode ser criativa e racional em todas as áreas do conhecimento humano. Sem precisar utilizar de subterfúgios que obscurecem a mente e neutralizam a sua essência.

TEXTO EXTRAÍDO DO LIVRO:

CRÔNICAS DO COTIDIANO

PUBLICADO NO ANO DE 2016.

2 EDIÇÃO_2019.

Déboro Melo
Enviado por Déboro Melo em 29/08/2022
Reeditado em 29/08/2022
Código do texto: T7593600
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