Crônica Nr 08 -- Matemática

(Gaby) -- Woof! Woof! (Bom dia!)

(Daddy) -- Por que você está lendo esse livro, minha linda? Deixe-me ver a capa. Ai!! Ai!! Sem morder minha mão!! Para, Gaby. Para!! Larga!! Larga!! Só quero ver a capa… Ai, ai!! Já devolvo!! Ai!! Ai!! Um livro de matemática!! Toma, pode ficar!! Não vá me destruir o livro, hein, Gaby?

(Gaby) -- Encontrei-o no quartinho da bagunça. Estou lendo-o porque preciso tirar uma dúvida de matemática elementar.

(Daddy) -- “Encontrei-o”, “lendo-o”! Oh, meu bebê! Cê ‘tá uma fera na gramática, hein?

Meu anjo, eu não sou muito bom em matemática, mas se for uma continha simples, de até dois dígitos, talvez eu possa ajudar. Saiba que você pode sempre contar comigo, ‘tá?

(Gaby) -- Não se preocupe, daddy! Da outra vez, na hora de contar até quatro os idiomas que eu falo, você escorregou feio. Enrolou-se todo!! A questão de hoje é muito complexa para você, ‘tá legal?

(Daddy) -- Agora meu amor próprio ficou ferido! Magoou-me…! Meu orgulho foi pro fundo do poço..!

(Gaby) -- ‘Tá bem. Mas vê se para de fazer chantagem emocional, daddy! Isso é muito feio na sua idade!! A minha dúvida é muito complexa e exige uma resposta complexa. ‘Cê ‘´tá preparado?? Posso perguntar??

(Daddy) -- Desembuche, Gaby!! Com você fazendo esse mistério todo, no mínimo vai ser uma questão de física quântica envolvendo números complexos, irracionais e o diabo a quatro!

(Gaby) -- Lá vai, então… Tchan, tchan, tchan, tchan…!! Quanto é um mais um??

(Daddy, cheio de galhofas) -- Quiá, quiá, quiá, quiá!!!! ‘Tá falando sério, minha flor?? Quanto é um mais um?? É essa a pergunta??

(Daddy, fazendo cara de mistério e zoando com Gaby) -- Posso pensar um pouco?? Por via das dúvidas, vou pegar minha calculadora científica importada do Japão!! Sabe-se lá de quantos dígitos será a resposta…!?

(Gaby) -- Daddy, você ‘tá tirando onda com a minha cara, né? Ou não sabe a resposta?? Deixe de pantim!! (Deixe de frescura!!). Ninguém precisa de calculadora para uma conta dessa natureza. Eu hein!? Só pode estar doido!!

(Daddy) -- Oh, Gaby! Eu estava brincando com você! É claro que eu sei a resposta!! Obviamente, um mais um é dois!! Sempre foi e sempre será dois!

Capítulo II

(Gaby) -- Quiá, quiá, quiá, quiá!!!! Quem ri por último ri melhor. Um mais um nunca foi nem nunca será igual a dois!! Dorme com essa, seu bocó!!

(Daddy) -- Que é isso, Gaby?? Agora, parece-me que é você quem está doida!! Conte nos dedinhos! Um mais um é dois!!

(Gaby) -- Há controvérsias, seu sabichão de meia tijela!! Há controvérsias!!

(Daddy) -- Como pode haver controvérsias sobre uma questão tão banal, tão elementar, tão óbvia?

(Gaby) -- Daddy, se você fosse professor de matemática, iria morrer de fome!! ‘Cê tem que ter mais paciência!! Sente-se aí, que vou te explicar.

Eu estava ouvindo música em inglês no seu PC. De repente, começou a tocar a música “O sal da Terra”, do Beto Guedes. Uma estrofe diz assim:

“Vamos precisar de todo mundo

Um mais um é sempre mais que dois

Para melhor construir a vida nova

É só repartir melhor o pão…”

Capítulo III

(Gaby, toda orgulhosa e presunçosa) -- Olha aí, seu cabeça-de-vento!! Viu como eu tinha razão?? Ele disse: “Um mais um é sempre mais que dois”. Não é de vez em quando! Não é esporadicamente! Não é uma vez aqui e outra acolá! É sempre!! Sempre!! Sempre!!

E você aí, cheio de ironia comigo por causa de uma dúvida pertinente!!

(Daddy, arrependido) -- Oh, meu anjo!! Finalmente, percebi que eu estava errado!! E espero que você me perdoe por isso!! Mas é que, na letra da música, Beto Guedes usou uma licença poética, uma figura de linguagem. Afastando-se do conceito matemático universal, o cantor quis dizer que os esforços conjuntos de duas pessoas unidas levam a um resultado maior que aquele obtido por duas pessoas cujos esforços são somados individualmente. Assim, duas pessoas juntas são mais poderosas que duas pessoas separadas. Em suma, A UNIÃO FAZ O FORÇA!!

Perdoe-me também pela zombaria, por favor!! Prometo que serei mais cauteloso e mais paciente da próxima vez. Vamos fazer o seguinte? Para compensar minha terrível falha, vamos fazer uma visitinha àquela petshop hoje à noite.

(Gaby) - Vou te perdoar por três motivos, Daddy! Primeiro, porque você falou bonito!! Segundo, porque você usou a colocação pronominal corretamente em “Perdoe-me também pela zombaria…” em vez de “Me perdoe também pela zombaria…” (Cruz credo!!). E terceiro, porque você agora me tratou com o carinho e a ternura que se esperam de um bom professor!!

(Daddy) -- Obrigado, meu anjo! Quer dizer, então, que podemos esquecer aquele assunto de petshop??

(Gaby) -- Nem pensar!! Vamos arredondar esse número para quatro!! Ou você não está querendo ser perdoado??

(Daddy, pensando) - “E agora?? Estou entre a cruz e a espada!! Onde é que eu fui amarrar a minha égua?!”

(Daddy, falando) -- Não está mais aqui quem falou, minha linda!! Petshop!! Combinadíssimo!!

(Gaby, pensando) -- “Esse daddy!! Sei não... Parece parafuso! Só funciona na base do aperto!!”

(Gaby) -- Woof!! Woof!! (Vejo vocês na petshop!!)

Fonte:

“O sal da Terra”. Beto Guedes. https://youtu.be/Kiok0T2WHf4

Billy Parakalow
Enviado por Billy Parakalow em 29/08/2022
Código do texto: T7593546
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