Ler & Escrever
Ler ou escrever. Não sei o que eu gosto mais. Conheci o mundo das letras com mais ou menos quatro anos, quando minha mãe leu para mim os primeiros gibis. Todas as noites ela ficava longas horas ao meu lado, na minha cama. A cada história eu me emocionava e desejava ouvir mais e mais. Eu dormia embalado pela sua voz dando vida aos personagens.
Em casa, eu também tive os exemplos do meu pai e da minha avó. Meu pai gostava de ler o Jornal do Brasil. Ele admirava os textos de Jose Carlos de Oliveira (1934 - 1987), jornalista e cronista, natural de Vitória(ES), dono de uma escrita lírica, sarcástica, debochada e irreverente. Ele sem dúvida, foi um dos nossos melhores cronistas. Além disso, meu pai tinha o hábito de ler e declamar poesias.
Minha avó costumava ler em voz alta, sentada na cadeira de balanço que hoje conservo na minha varanda, todas as mazelas da cidade publicadas no Jornal A Gazeta.
Quando aprendi a ler, debrucei – me nas páginas do livro “ Tesouro da Juventude. Daí em diante não parei mais. Hoje leio até bula de remédio. E não é só por força da profissão! Como tudo isso, penso que Freud explicaria o meu amor pelo livro: Ele tem o sabor , textura e o cheiro do afeto, carinho e da infância.
Hoje, saboreio cada palavra e vírgula como quem sorve um bom vinho. Aprecio a sintaxe, o modo de construir uma oração, a riqueza das expressões e a beleza do verbo em seu devido lugar.
Na minha opinião, o livro é algo mágico e encantador. Em suas páginas sinto- me como nos braços da amada. A cada leitura e releitura de um texto, encontro sempre um mundo para se viajar, sonhar e amar.
O ato de escrever surgiu em minha vida como uma necessidade, um transbordamento. Escrevo o que em mim é urgente, o que me assusta; para soltar as feras; liberar os demônios; encontrar anjos e expressar saudades e desejos.
Com certeza quando os sentimentos ficam à flor da pele, não há nada melhor do que sentar e escrever, escrever...
Enfim, escrevo para viver; morrer um pouco menos a cada dia e ser feliz.