Em Busca da Tolerância Perdida – Parte II (repensando a tolerância)
Saudações!
Eu escrevi e publiquei recentemente (na verdade foi o tema anterior ao presente) uma crônica chamada “Em Busca da Tolerância Perdida” cujo cerne era estudar, entender e buscar alternativas para as relações humanas em geral, tendo em vista todo um cenário mundial de conflitos.
Dos conflitos das relações humanas até entre nações e cito até a guerra da Rússia e Ucrânia, e o temor de esse conflito aumentar, piorar, evoluindo até para uma guerra global, uma Terceira Guerra Mundial.
E nele, como solução possível para todos os desgastes humanos, eu cito a tolerância como fator imprescindível para que não ocorram conflitos e que a paz possa ser instalada.
Cito no tema anterior que “intolerância gera conflitos, discussões acaloradas, rompimentos, agressividade, polaridades, extremismos... e separações. Intolerância gera guerra.”
Continuo a concordar com essa assertiva.
Mas um “feedback” de uma leitora me fez repensar o tema “intolerância”.
E reestudar a questão.
Essa leitora fez alusão a seguinte ponto: “a intolerância está mais do que nunca a nossa volta disfarçada de discursos bonitos e rasos.”
Essa frase me deu um baita “insight”.
Lançou uma grande luz ao tema e senti necessidade de estudar e repensar o tema!
Não só na tolerância em si, mas na tolerância disfarçada, dissimulada!
Então vamos ao estudo da questão.
Qual é o conceito de tolerância?
Tolerância é um termo que vem do latim “tolerare” que significa "suportar" ou "aceitar".
Após uma busca sobre seu significado, encontrei o seguinte: “A tolerância é o ato de agir com condescendência e aceitação perante algo que não se quer ou que não se pode impedir. A tolerância é uma atitude fundamental para quem vive em sociedade.”
Então num primeiro momento realmente o aspecto tolerância parece ser suficiente para evitar confiltos, certo?
Até porque, combatemos a intolerância em vários níveis a saber: política, partidária, de gênero, sexual, religiosa, etc.
Não há como discordar que a intolerância gera conflitos, e num grau maior violência e até causa guerras.
Mas estudando mais profundamente, percebi primeiro a tolerância maquiada, disfarçada como “politicamente correto”.
Uma tolerância que não vem de dentro do nosso ser, e sim uma atitude para outrem.
E essa tolerância que não vem do coração ela acaba sendo frágil.
Não é suficiente para evitar o conflito!
Ela até consegue por um tempo.
Mas não evita totalmente!
Pense comigo, se analisarmos, tolerância na verdade não e algo legal ou profundo!
Quer um exemplo?
Se uma pessoa diz a você que ela te tolera.
Claro que é melhor do que não tolera. Bem melhor!
Dizer que não tolera é intolerância, certo?
Agora, simplesmente tolerar não é algo digamos evoluído!
Que resolva a questão de conflitos.
Me parece que a tolerância é algo frágil.
Como você se sentiria se uma pessoa da sua convivência diria que simplesmente ela te “tolera”? Que ela simplesmente te suporta? Claro que não soa bem.
É algo também que pode ser rompido a qualquer momento.
É mais ou menos a diferença de desculpa e perdão!
A desculpa é tolerância!
Desculpo, mas não esqueço!
Fico com aquilo guardado!
Diferente do perdão, que é a promessa de esquecer o fato negativo! Perdão, é compreensão!
Na desculpa, a pessoa fica atenta (não esquece que ocorreu) esperando o próximo erro (ou conflito).
Guarda dentro de si um histórico da pessoa!
Digo que a tolerância é frágil porque ela não perdoa!
Ela até desculpa!
Aceita!
Tolera... mas não perdoa!
Ao meu ver a tolerância é o começo dos sentimentos e atitudes para evitar as complicações nas relações humanas!
Mas tolerância não basta.
Como um remédio, ela trata a doença, o sintoma agudo, mas não a causa.
Para realmente eliminarmos o conflito precisamos mais que tolerância!
Precisamos de compaixão.
Precisamos de acolhimento!
Precisamos de respeito ao momento evolutivo do outro.
Precisamos de entendimento com as características do outro como cultura, personalidade, criação, hábitos, crenças, etc.
Precisamos aceitar o outro!
Amar o outro, como a nós mesmos!
Percebem que só a tolerância não basta?
Até porque muitas pessoas usam a tolerância como uma moeda de troca nos relacionamentos.
Eu tolero isso em você, para você tolerar isso em mim.
Se uma atitude gera conflito, julgamento, crítica, etc. a tolerância (que é frágil) pode se perder.
Se ele não me tolera, porque vou tolerar também? Dá para perceber a fragilidade desse sentimento ou atitude?
Agora termos e sentirmos compaixão, solidariedade, amor, perdão, acolhimento, respeito... tudo isso somado à tolerância, há um reforço emocional!
A paz fica fortalecida, pois através dessa soma de sentimentos positivos, se provoca uma espécie de resiliência para com as atitudes do outro.
Que possamos então transformar o mundo a partir de nós mesmos com tolerância sim, mas acompanhada de entendimento, respeito, acolhimento, perdão e amor fraternal!
Como remédio profilático.
Como prevenção do conflito!
Agora se uma situação começar a agravar, perturbar a tolerância o que devemos fazer?
Qual o remédio?
A comunicação livre, madura, sincera e respeitosa.
Uma comunicação dentro dos parâmetros da “Comunicação Não Violenta”, sem acusações, críticas e julgamentos.
Mas uma comunicação sincera que visa diminuir conflitos. Madura.
Até para evitar os “achismos”. Para evitar a confusão. Para evitar os males entendidos.
Uma pessoa “acha” que a pessoa agiu ou falou algo com um motivo e não era. Ela acha que a outra está magoada, com raiva, o que for... e há desentendimento.
Há o fato de que me parece que dentro da tolerância, as pessoas engolem sapos, não conversam, mão expõem mágoas ou outros sentimentos e aquilo acumula!
Aí, as pessoas se tornam uma bomba relógio prestes a explodir.
Um vulcão prestes a erupção!
E a tolerância vai para o vinagre.
Muitos conflitos podiam ser evitados com uma comunicação franca, honesta.
Sem acusações, defesas, julgamentos e críticas.
Através da exposição dos motivos que aquela pessoa se sente incomodada, de quais atitudes a ferem ou magoam!
Mas as pessoas se calam!
Não se abrem!
E guardam!
Engolem sapos!
E aí não há tolerância que aguente.
As pessoas são claro de diferentes níveis de evolução mental, emocional e espiritual.
Há pessoas iluminadas que não se deixam abalar.
Que não perdem a paz com palavras ou atitudes dos outros!
Que nem precisam de uma conversa!
Elas compreendem naturalmente, perdoam, entendem.
E não se permitem entrar em conflito!
Agora se não temos essa habilidade, esse nível de evolução, a comunicação se faz necessária!
E imprescindível!
Aí a tolerância passa a ser algo benéfico!
Claro, de novo dizendo, juntamente da compaixão, respeito e compreensão do outro!
Faz sentido?
Vamos refletir a respeito?
E de verdade tornar nosso mundo um lugar de paz e harmonia?
Afinal de contas, se algo custa a nossa paz, é caro demais!
E para mudarmos o mundo, podemos começar com nós mesmos!
Não, não é fácil! Eu sei!
Talvez a terapia ou outros mecanismos de autoconhecimento possam nos ajudar a melhorar a comunicação!
Nessa busca de evolução e amadurecimento.
Afinal, de contas, a falta de comunicação é um dos maiores fatores também de conflitos e separações!
Se não há comunicação, não há acordos e entendimentos!
Sem comunicação, o campo será propício para conflitos e desentendimentos!
E vamos combinar, tenho certeza que a grande maioria está cansada de conflitos, separações, violências, guerras...
Vamos tentar melhorar nossas relações?
E fazer nosso mundo melhor?