Um voo nas recordações
Como a maioria das crianças tinha pressa para viver o amanhã. E o amanhã não vinha, se escondia, dormia, retrocedia.
A adolescência chegou e com a mesma, meu mundo virou uma montanha russa. Eu vivia um turbilhão de emoções que não sabia identificar, lidar, equilibrar.
A fase adulta não tardou. Com ela veio o desacelerar, o repensar, avaliar, garantir, enxergar, vigiar, sanar, ponderar, calar, observar, acalmar.
Está chegando uma nova fase. Sinto o corpo e a mente sinalizando outras facetas. Parecem transmitir uma mensagem: "Não é o fim, mas aproveite mais, ame o que vale a pena. Durma, cante e sorria mais. Deixe o passado no passado. Não sofra pelo que não pode mudar e nem alimente pensamentos por algo que não aconteceu. Deixe o amanhã no amanhã.
Você tem algo que nenhum bem desse mundo pode comprar: sua vida.
Não perca tempo. Seja feliz com pequenas coisas. Admire o que está a sua volta: as folhas, as flores, as rochas, o rio que corre, a chuva que cai, os insetos, as aves, as nuvens, o nascer e por do sol, os animais, a erva do campo, uma estrada de terra, uma pessoa que caminha ao longe, o sorriso de alguém, o brincar de uma criança, as marcas da idade nos rostos que você encontra, as histórias que ouve de alguém enquanto aguarda ser atendido, etc.
Ainda tem muita estrada a ser percorrida, mas aproveite cada momento. Sim, aproveite bem. Aproveite antes que as janelas da alma fiquem obscurecidas pelo pesar dos anos.
Ione Sak
24/08/22