Vamos ver então, quem é o Mito!
Por acaso, seria aquele que...
Que teima, lutando, todos os “santos” dias
Pra arrastar seu fardo carregado, mês inteiro
Saindo cedinho pro trabalho;
Quem não blasfema, paga suas conta
E que surpreendente, pouco “chia”;
Vendo que no final das 'contas'
Não lhe sobrou, nenhum dinheiro;
“O” fraco/forte, que jamais desacorçoa...
À voltar pra casa, com seus trocados!
Quem sabe, seria aquele que...
Humildemente se dedica, se empenha
...se esforça e quase se mata;
Que dá graças, não escolhendo serviço bom
Mais fácil ou quem dera, “o” mais leve;
Quem aprendeu, que bom mesmo
É ter saúde, ser honesto e trabalhar
Se não, a panela além de vazia
Não vai encher e nem ferverá;
Quem muito já chorou, desempregado
Estirado, num banco de praça
Sabendo que do alto...
Além de bênçãos, aos puros e devotados
Somente, brumas, orvalho, neve e a chuva, vai cair
E que por isso, bem pouco adiantará reclamar!
Ou, seria aquele que...
Passando por agruras, dores e todas as adversidades
Está certo, que só com muita persistência
E que apesar de muitas dificuldades
Vai conseguir, com seu empenho e esforço, poupar;
E que estando ele, munido das maiores virtudes
“O amor, a justiça, a solidariedade e a paciência”
Contando com seus iguais, também pobres de atitudes
Seus amigos de verdade, seus vizinhos
Ele que, na sua dupla e árdua jornada, sabe...
Que não pode, não deve e nem vai querer parar;
Quem, que nas suas raras folgas, tijolo a tijolo
Vai levantando, seu humilde e singelo barraquinho!
Ou, aquele que...
Por exemplo perdeu tudo numa desdita
De fortes correntezas, de uma atroz enxurrada
A tragarem e drenarem, todos seus trapos
Juntos idos, seus sonhos consignados;
Que apesar da dor dessa agonia
Consegue manter sua incauta nobreza
...sua honra e sua fé (Triste, só no pensar!)
A imaginar, que além de sua valiosa vida
Não restou-lhe mais nada
Posto que água abaixo foram...
Seus documentos, seus cacos parcelados
Seu cãozinho, seus filhos, seu compadre
Sua comadre e quase todos os seus vizinhos
Inclusive sua parceira de anos...
Pois, depois de confirmado, foi-se também sua mulher!
Compreensível, a este cidadão (claro, sem deixar de lutar)
Dar-lhe o direito de ficar, literalmente sem teto, e sem chão
...perdido, desiludido e porque não, meio revoltado.
...por que, muitas das vezes, quando um rico perde parte de sua fortuna (sem precisar ser, o seu tudo), ele invariavelmente, se deprime, se entope de remédios antidepressivos e não raro, quando não abrevia sua vida, acelerando ele o seu próprio fim.
Já o pobre, sabe que cabe-lhe a única certeza, continuar sua saga:
A utopia de ser feliz!