PROCRASTINAÇÃO

Francisco de Paula Melo Aguiar

É a maneira pela qual alguém procura adiar tudo e ou quase tudo na vida. E tal atitude não é diferente na prestação de contas que envolvem bens e serviços por parte do poder público.

O cidadão, por exemplo, precisa de fazer uma bateria de exames, então procura marcar junto ao SUS/Sistema Único de Saúde, órgão administrado pelo sistema municipal de saúde, pela prefeitura. Precisa dormir na fila... um verdadeiro calvário a fila de espera para receber na hora do atendimento um não. Aí tem início uma "escala" de valores que altera completamente a vida do usuário do referido sistema no âmbito municipal, porque começam as desculpas sem nexos, esse mês a verba para esse tipo de serviço/exames já acabou para os exames: "a", "b", "..." e "z".

A doença do usuário, contribuinte direto e ou indireto, vai tomando conta do emocional e o desespero é instalado, é a partir deste momento que o cidadão entende que tem deveres e não tem direito a nada.

Assim aparece um político do "lado" do prefeito para oferecer "favor”, dizendo que para ele o prefeito obriga a secretaria de saúde a fornecer os exames, os remédios, a cirurgia, o caixão de defunto, a sepultura rasa no cemitério, etc. Tudo mentira, isso é a “faceta” da procrastinação com fortes indícios de corrupção, diante do jogo de influência com o dinheiro do povo.

É mesmo assim, a população continua batendo de porta em porta a procura de favores dos agentes políticos municipais, tendo em vista que os estaduais e federais o povo não sabe nem onde eles moram na face da terra, só aparecem de paraquedas de quatro em quatro anos na hora de pedir o voto, quando até os gordos salários superfaturados de tais agentes caridosos, são pagos pela população ativa e inativa, via pagamentos de impostos diretos e ou indiretos: municipais, estaduais e federais. Isso é corrupção.

Aparece os aplicativos do SUS nas redes sociais e de comunicações para tudo que o usuário precisa, porém, raramente são verdadeiros e ou aceitam o cadastro do usuário. Aí o erro é da informatização das relações do usuário com o poder que ele constitui e mantém do nascer ao morrer. É uma via dolorosa, baixa aplicativo para aqui e para acolá... instala... desinstala... o endereço do inferno é mais simples que esse tipo de atendimento oficial.

Nada feito, o usuário fica fragilizado, piora o estado de saúde e não tem a quem recorrer. Isso porque tem medo de botar à boca no mundo, denunciando ao Promotor Público de Justiça da área da Saúde existente em cada Comarca Judiciária, a imprensa livre (TV, rádios, etc), as redes sociais, etc.

Sim! Imprensa livre, porque tem outro tipo de imprensa que é olho cego da administração pública em todos os programas e divulgações, onde sempre o usuário está errado...

E não é só para marcar exames, fazer consultas, fazer cirurgias e receber a medicação indicada pelos profissionais médicos para o usuário do SUS municipal. Tem o jogo de influência do prefeito, vereadores e familiares. A coisa pública passa a ser uma coisa privada com procrastinação em todas as esferas. É a procrastinação a serviço da corrupção e do enriquecimento ilícito e ou sem causa de figuras descompromissadas com o interesse público, o bem comum da população. E o usuário tem culpa com tal desmando, uma vez que ele é manipulado e ou vende o voto nas eleições. Ativa e passivamente, a procrastinação é irmã gêmea da corrupção.

E nos famosos postinhos de saúde dos bairros, nada tem e nada funciona, é visível a falta de dentistas, médicos, psicólogos, enfermeiros (técnicos e ou com cursos superiores), etc., sem medicação de urgência, falta algodão e seringas para aplicação de injeção. Os prédios dos postinhos abandonados, com paredes sujas, mofadas, móveis com moradas de cupins, grude e teia de aranha a perder de vista. Aparece o CRM – Conselho Regional de Medicina e faz a interdição e nada é resolvido de bom para o usuário, com raras exceções.

Todos esses problemas de gestão do SUS são promotores da “procrastinação” e ou seja, do não querer nada oferecer ao tempo e a hora da necessidade de atendimento do usuário e sua prole, sem a ideia corrupta de que se está, que não está na verdade fazendo qualquer favor ao usuário local. Em fins de semana e durante à noite os postinhos não funcionam. Em finais de semana e a noite o usuário não pode ficar doente e ou morrer.

A procrastinação é enrolada, falta de ética para iludir o usuário simples e bonzinho. O procrastinador final é o agente contratado da pior estirpe e espécie pelo prefeito e vereadores da situação para “tapiá” o usuário carente e ainda passar a ideia de que está fazendo o bem a toda população. Surgem os favores dos políticos de plantão com dinheiro público, portanto, as manas: procrastinação X corrupção, estão de mãos dadas e felizes, em céu de brigadeiro, rumo a vitória com a derrota da população. Viva a procrastinação!

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 23/08/2022
Reeditado em 23/08/2022
Código do texto: T7588742
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