Política de botequim

Numa mesa de bar, fim de tarde de uma segunda qualquer, refresco a cabeça com uma cerveja conversando com um amigo. Inconvenientemente, surge um conhecido que eu já sabia de antemão que tinha, como se diz na minha área, ideias tortas.

Aquele arquétipo tão comum que sempre quis ser polícia e nunca passou de segurança particular de festa e/ou shopping center.

Postura falsa, ideia rasa, uma ética mambembe que mistura armas, aporofobia e cristianismo.

Obviamente é um eleitor daquele desgraçado vende-pátria. Enfim, decidi fazer um exercício e tentar entender como funciona a mente de um ser dessa estirpe. Parece-me uma opção mais viável, afinal, este é um bar de esquerda, e não posso deixar essa corja o ganhar terreno.

Provavelmente eu teria um diálogo mais proveitoso com uma porta. Argumentos do tipo nós contra eles, vagabundos versus paladinos, o mal e o bem… tudo permeado por um conhecimento jurídico raso, constituído basicamente de jargões e frases feitas. Quase fiquei com dó.

Enfim, por que escrevo isso? Pra externar a decepção com o ser humano. Já disseram que pior do que não saber sobre algo, é saber pouco. O ignorante ciente de sua ignorância dificilmente incorrerá em erro. Já o que detém um saber parcial, sem fundamentação, enche a boca de certezas.

Às vezes tem cura, mas eu não tenho paciência.

Rodrigo Margini
Enviado por Rodrigo Margini em 23/08/2022
Código do texto: T7588727
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