Zé Arruda, o velho fofoqueiro de guerra.

Já é seis horas da manhã e aquele miserável já está acordado, abrindo o seu falido comércio e sem ter quase mercadorias para vender em suas velhas prateleiras vazias. No entanto a sua língua está firme e forte e bem afiada para falar da vida alheia. Pois bem, é só isso que esse velho sem vergonha saber fazer! O cara não se manca*, é um cara de pau, um filho de uma égua parida que se incomoda com a vida de todos.

E agora pra que esse animal linguarudo abre o comércio bem cedo? Se esse velho fofoqueiro não serve nem para vender pão pela manhã para sua já escassa clientela. Só sei dizer uma coisa: fofoca já é feio para mulher, agora imagina para o homem. Enfim, a fofoca só cai bem para um cabra sem vergonho como este, que não se emenda de jeito nenhum.

E assim esse mau caráter fofoqueiro vai vivendo, falando mal de um aqui e falando mal de outro acolá, o cara é tão cretino na arte da fofocagem que ele consegue ser, até mais fofoqueiro que a velha fofoqueira da Dona Célia, que é a fofoqueira oficial do bairro; ponto com ponto Br🤪, enfim o infeliz só enxerga os defeitos dos outros.

E esquece os próprios problemas em sua própria casa, que são os poucos gatunos funcionários que estão lhe roubando o pouco faturamento do caixa e isso sem mencionar do desvio de mercadorias que sai escondido nos sacos de lixo.

E por falar em desvio, roubaram tanto o velho Arruda fofoqueiro de guerra, que ele resolveu colocar uma placa de aluga_se este ponto. Porque o velho não sabe cuidar do seu próprio negócio, porque ele só sabe cuidar da vida dos outros. E assim ele vai levando essa vida cambalache no seu mundo encantado da fofocaria*, pra não dizer porcaria, já dizendo: vai trabalhar vagabundo e esquece a vida alheia, seu língua de trapo, seu pé sujo.

Não se manca*, significa não se dar o respeito ou a expressão: esse cara não se emenda.

Fofocaria* significa a arte da fofoca ou a arte de falar da vida alheia.

Se é que se pode chamar isso de arte.