O DESAFIO É SEMPRE MAIOR.
Eu não consigo ligar com certas situações que ocorrem no meu trabalho. Como, por exemplo, dizer que amo o que eu faço, eu não amo e nem vou amar o que eu faço, no máximo suportado até certo limite.
Lidar com o público é um desafio sempre maior, quem já o fez sabe bem como desgasta o psicológico ter que ficar o dia todo em um balcão de atendimento, sorrindo e agradando pessoas, algumas delas, desagradáveis. Essa é a minha realidade de todos os dias, e confesso estar no meu limite. Às vezes eu tenho vontade de chutar o balde, de jogar tudo para cima. Mas aí, a razão, contrária a emoção, aparece para salvar o dia e impedir que o coração cometa besteiras desnecessárias, é sempre assim.
Existem momentos bons, confesso, não é sempre, porém, há dias calmos em que tudo transcorre normalmente. Pessoas educadas na fila de espera, ritmo de trabalho agradável. Não posso dizer que esse ou aquele dia é o melhor para se trabalhar, não há um padrão definido para traçar parâmetros ou fazer planos. Tudo vai depender do momento e circunstâncias. Algumas vezes a segunda-feira é tranquila, até demais, nos permitindo realizar tarefas muito além do esperado, o serviço rende maravilhosamente. Em outros momentos acontece o contrário, às coisas tendem a darem errado, o simples torna-se complexo, elencado a outros fatores igualmente desgastantes.
Esses últimos dias têm sido trabalhosos.
Lidar com opiniões tão extremas sem poder opinar, afinal, é ano eleitoral, disputa presidencial acirrada. De um lado a direita conservadora, do outro a extrema esquerda com suas doutrinas contrárias às da situação.
Dois tipos de ideias expostas no balcão, como o cliente tem sempre razão, o melhor é concordar com tudo mesmo quando não estamos de acordo com nada. Em todos os anos eleitorais que eu vivenciei, esse, certamente, esse, está sendo o mais intenso e disputado, tendo forças muito equivalentes de ambos os lados. Com uma divisão nunca antes vista entre os políticos, religiosos, profissionais e todo o resto. Essa queda de braço entre governo e estados acaba sobrando para os mais pobres, é sempre assim, a classe menos favorável paga a conta final. Dentro desse balaio de gato, com opiniões tão ácidas, eu prefiro ficar nulo, não dar a nenhum dos lados vez para discussões desnecessárias.
A semana que passou foi uma daquelas horríveis, sem expectativas para nada. Eu não sei como explicar, de uns meses atrás para cá a coisa desandou de um jeito anormal, terrível e sem sentido. Nada do que fazemos ou tentamos fazer dá certo, incrível como os planos que elaboramos acabam em nada e lugar nenhum. O chefe faz um tremendo esforço para resolver a situação, porém, os seus esforços são inúteis. Tenho saudades de certos rostos, que outrora estava na frente de batalha, mas, por motivos de força maior teve que se ausentar do trabalho. Talvez eu esteja sendo saudosista demais, no entanto, devo dizer que senti falta do meu antigo emprego. Olha que não era dos melhores, mas, deixou certo resquícios de saudade.