Escrever de manhã bem cedo
Aluu! Iterluarit kumoorn meus caros 23 fiéis leitores e demais 36 que de quando em vez acordam cedo para darem uma passadinha aqui pela minha padaria literária a fim de ler crônicas quentes e crocantes recém saídas do forno, além de saberem das primeiras fofocas do dia. Ajunngilla?
Quem dorme cedo, acorda cedo. Este Bacamarte que genialmente vos escreve é um desses. Esporadicamente madrugo, até por que quase sempre é muito frio por aqui. Não agora, verão no Hemisfério Norte, onde nesse exato momento fazem calorosos a agradabilíssimos 5º em Charky City. Pra tuzes aí no Brasil é o paraíso, pois sempre é verão, até no Sul do país, onde alguns ainda se queixam de frio e fazem festa quando, uma vez na vida e outra na morte, cai uma nevezinha minguada e raquítica aqui e ali. Daí brincam de inuítes.
Ok, mas não acordo cedo de mau humor e desagradável, como pode sugerir esse primeiro parágrafo - exato, o primeiro, pos o anterior é a introdução (sou tão genial que inventei a introdução e o epílogo em crônicas!). Até contarei uma piada pra tuzes para desfazer essa impressão equivocada. Um amigo meu, que estava brigado com a família que mora em outra localidade, por motivo de herança paterna, acordou cedo pela manhã e foi na padaria. Há meses não falava com os parentes. Encontrou uma conhecida (claro, aqui todo mundo se conhece). Segue o diálogo, com nomes fictícios aportuguesados (aliás, é o que sempre faço aqui):
- Bom dia, senhora Maria.
- Bom dia, seu João. Meus pêsames.
- Meus pêsames? Ué, porque está me dizendo isso?
Maria olha supresa para João e responde:
- Pelo óbito de sua mãe.
João empalidece:
- Óbito da minha mãe?!
- Sim. O senhor não sabia?
João fica sem resposta. Maria continua, sem esconder sua surpresa:
- Faz uma semana, seu João. De covid.
- Minha mãe estava com covid?
- Sim, estava.
- Ninguém me avisou nada. Nem meu irmão.
- Seu irmão está preso.
- Preso?
- Preso.
- Tráfico, né?
- Tráfico, isso.
- Estou sem palavras. Nem mimha cunhada lembrou de me avisar.
- Nem teria como. Ela morreu, também.
- Morreu?
- Faz dois meses.
- ...
- De covid.
- Também?
- Também.
- Obrigado, dona Maria.
- Tenha um bom dia, seu João.
Engraçado, né? Tragicamente engraçado, na verdade. Não chega a ser uma piada, mas prova que essa vida pode ser uma gigantesca piada, mesmo que cruel e de mau gosto. É um fato real, não pensem que eu inventei isso. Sou forçado a reconhecer que a vida é mais genial e criativa do que este Bacamarte, então, por vezes, a copio descaradamentre. Agora vou sair pra padaria, comprar pão. Como já estou órfão de pai e mãe e não brigo com meus irmãos, apenas bebo com eles, que venha a dona Maria me dar bom dia.
Escrever de manhã bem cedo é muito etimulante, a cabeça está fresquinha como um pão novo e brotam ideias e lembranças geniais e agradáveis, que crecem como massa.
Qujanaq por terem dado uma passadinha por aqui hoje. Takuss"!
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Era isso pessoal. Toda sexta, às 17h19min, estarei aqui no RL com uma nova crônica. Abraço a todos.
MAIS TEXTOS em:
http://charkycity.blogspot.com
(Não sei porque eu ainda coloco o link desse blog, eu perdi a senha e não atualizo ele há séculos. Até eu descobrir o motivo pelo qual continuo divulgando esse link, vou mantê-lo. Na dúvida, não ultrapasse, né. Acho que continuarei seguindo o conselho que a Giustina deu num comentário em 23 de outubro de 2013: "23/10/2013 00:18 - Giustina
Oi, Antônio! Como hoje não é mais aquele hoje, acredito que não estejas mais chateado... rsrrs! Quanto ao teu blog, sugiro que continues a divulgá-lo, afinal, numa dessas tu lembras tua senha... Grande abraço".)
CARTA ABERTA aos meus caros 23 fieis leitores:
https://www.recantodasletras.com.br/cartas/3403862
GLOSSÁRIO KALAALLISUT:
Aluu - Olá.
Iterluarit kumoorn - bom dia.
Inuugujaq - Boa tarde.
Ajuungila - Como estão?
Qujanaq - Obrigado.
Takuss' - Até mais.
Antônio Rollim Fernando de Braga Bacamarte