A MORTE DE UMA CANETA

JOEL MARINHO

Eu não sei vocês, mas eu sou apaixonado por canetas, quanto mais coloridas a mim é melhor, gosto de escrever e deixar o caderno mais colorido que as cores do arco-íris, pois nada é mais triste que uma página escrita com uma única cor, é como se não exista vida naquela página escrita.

Pois bem, por falar em colorido vou falar de uma caneta específica, uma de cor rosa. Para muitos parece soar estranho um homem gostar de uma caneta de tinta rosa, do meu ponto de vista cores são apenas cores, aliás, do ponto de vista da Física cores se resume em luz, talvez por isso eu amo tanto, adoro a luz.

Mas voltemos aqui para falar da minha caneta cor de rosa. Ela me acompanhou em minhas andanças nas escolas as quais trabalho, na faculdade na qual estudo e desenvolvo trabalho voluntário e por outros lugares onde se precisa deixar alguns traços de escrita.

Quando corrigia provas dos meus alunos eles ficavam admirados e ao mesmo tempo gostam das minhas cores espalhafatosas, principalmente quanto após um visto no livro ou no caderno eu deixo como marca dois corações aos que entregam a atividade na data especificada.

Ah, mas vejam o que aconteceu, como tudo que nasce morre a caneta mesmo não tendo nascido e sim fabricada tem tempo de validade e assim como os humanos, morrem, no caso delas quanto a tinta acaba. Pois é, a minha morreu no meio de uma correção de atividade na escola. Por vezes pensei em guardar seu “corpo”. Mas do que vale uma caneta sem tinta, não é? Então a enterrei na lata de lixo lá mesmo, mas não sem aquela dor terrível no coração que até agora ainda persiste. Mesmo assim tenho que me desprender do sentimento e comprar outra para continuar a fazer seu papel.

É, para muitos parece um absurdo esse meu sentimento, visto que para a maioria das pessoas uma caneta é apenas um objeto como qualquer outro, entretanto, se pararmos para pensar do ponto de vista de sua utilidade desde a sua invenção ainda com suas tataravós em formato de penas elas se tornaram as maiores armas do mundo e mesmo com a invenção dos computadores de alta precisão não perderam sua utilidade, talvez apenas tenham diminuído seus trabalhos.

As canetas ainda são as armas mais poderosas do mundo, para o bem ou para o mal. São com elas que todos os documentos oficiais são assinados, seja para decidir sobre a guerra ou sobre a paz. Em qualquer momento da nossa história desde a sua invenção até os dias atuais elas lá estão fazendo medo ou trazendo esperança. Lembro de uma frase do atual presidente Jair Messias Bolsonaro dia desses que dizia: “quem tem a caneta sou eu” dando essa ênfase ao poder que elas representam capaz de modificar as leis ou não de toda uma nação.

Me chamem do que quiser, mas tenho meu maior respeito pelas canetas e quando uma delas “morrem” deixa literalmente uma lacuna, visto que ali teve fim a sua caminhada e não pode mais testemunhar a História humana deixando o papel em branco e em luto e um papel em branco é apenas mais um perdido em meio a uma resma de iguais e sem nenhum valor.