Nossa jovem Democracia
Nas próximas eleições brasileiras, boa parte dos eleitores vai escolher seus representantes, com base na persona do candidato, ou seja, vai fazer valer a tese do cordialismo de Sérgio Buarque de Holanda, mas apenas no que tange aos bons sentimentos.
Aliás, essa prática não é nenhuma novidade, pois tem sido assim faz um bom tempo.
Uma parte considerável do eleitorado brasileiro vota com o coração.
Vota no candidato que lhe transmite simpatia, confiança, e, se este candidato tiver uma história cativante, pode amealhar os votos de uma família inteira e suas gerações.
Sem levar em conta que o candidato é apenas a pontinha do iceberg, os eleitores desconsideram tudo o que está implícito e explicito em uma eleição, pois o que importa é ver o escolhido ser vitorioso, subindo a rampa do Palácio do Planalto juntamente com os sonhos, que foram depositados nele.
Porém, (e sempre tem um porém), votar com o coração impede a avaliação de certos fatos, que fazem toda a diferença na hora de votar conscientemente.
Primeiramente, o candidato não é um ser sozinho, ele pertence a um partido político, que tem sua história, uma base ideológica, um corpo hierárquico, uma base de sustentação em segmentos da sociedade, os financiadores, projetos e propostas.
Então, quando ele (o candidato) subir a rampa do Palácio do Planalto, vão subir com ele todos os segmentos que o apoiaram, bem como os que foram eleitos na sigla correspondente.
Movidos pelo voto sentimental muitos eleitores fazem uma miscelânea de apostas, desconsiderando siglas partidárias e mandando às favas a questão da sustentabilidade política e eletiva do candidato e seus pares.
Aliás, poucos são os que investem em ler as propostas de governo.
E muito poucos sabem diferenciar o que são as propostas de Governo e as propostas de Estado.
Assim, no dia da eleição tudo é festa.
Dias depois da posse a vida continua.
Alguns meses depois muitos já nem se lembram em quem votaram.
Embora sejam muitos os maus presságios, nossa jovem Democracia vai seguir se aperfeiçoando com os erros e acertos.
A cidadania plena é uma meta a ser alcançada e a boa notícia é que já se vislumbra o crescimento do grupo de eleitores, que deixa o coração em casa e vai votar acompanhado da própria consciência.
A conferir...