Circo Brasil...

O primeiro contato de qualquer criança

com o circo é inesquecível. Todos guardamos

no íntimo aquela magia e excitação de uma

tarde vibrante, alegre e cheia de emoções,

regada a pipoca, algodão doce e refrigerante.

Hoje, quando paro o carro em um sinal vermelho

e pequenos palhaços, sujos, maltrapilhos, rostos

pintados do abandono, dobram-se numa atitude

de respeito e iniciam o seu número de balabarismo,

não posso deixar de pensar a que ponto chegamos

em nossa escalada civilizatória. Planos, verbas, Ong´s,

programas oficiais, nada chega lá nas esquinas onde

o real da vida acontece. Nossas crianças não precisam

mais esperar o domingo para ver o palhaço, a estátua,

o engolidor de fogo, a pirâmide dos pivetes famintos,

a cada sinal um número diferente do espetáculo do

crescimento cínico do nosso circo dos horrores.

Nossos dirigentes insistem em que não devemos

ter pressa, afinal estamos aguardando nosso País

ingressar no Mundo Civilizado desde que nascemos

e o show deve continuar. Os verdadeiros palhaços

neste início de milênio somos nós, cidadãos e con-

tribuintes.