EM NOME DE DEUSA

“Nós temos que reeleger Bolsonaro, irmãos; não há outro caminho (...)”

(Pr. Osni Ferreira - Igreja Presbiteriana –Londrina/PR).

Claudio Chaves

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NÃO É DEUS [O dos cristãos] – e nem mesmo o liberalismo ou o neoliberalismo – quem os “evangéloucos” estão defendendo ao declararem apoio incondicional ao Messias [o Brasileiro, não o Nazareno] e, concomitantemente, "caça aos infiéis" “comunistas do PT” e à “nefasta influência do pensamento de esquerda”*.

DEUS nunca, jamais, precisou [jamais precisará] de advogados ou seguranças.

O QUE ELES estão a defender são tão pura e simplesmente seus interesses narcisistas de poder e fama, a ambição desmedida por bens materiais, satisfação hedonista e o sadismo nazifascista que sempre alimentou e motivou pessoas inacessíveis pela sensibilidade e pela empatia.

EMBORA se apropriem do Deus cristão, não é em nome dEle – e nem exatamente de outro deus (masculino) –, mas, mais apropriadamente, de uma deusa, Hedonê ( divindade da mitologia grega que representa o prazer), que falam e agem.

FILHA de Eros e Psiquê, Hedonê – de onde se origina o hedonismo (doutrina filosófica que defende o prazer como principal objetivo da vida) – encarna, grosso modo, exatamente a condição dos seres humanos que entendem que o fim último (ou único) da vida é a satisfação dos desejos próprios, independentemente dos meios empregados para alcançá-la.

O PERIGO DO DOGMATISMO FATALISTA, AUTORITÁRIO E MANIPULADOR

O FASCISMO é uma ideologia que se ancora especialmente em bases como: sensacionalismo, mentiras travestidas de verdades, intimidações e ameaças e, por fim, o emprego da força material.

AS PALAVRAS do Pr. Osni (“Não há outro caminho”) – para ficar apenas em um exemplo – dão o tom do que está orquestrado para os “dissidentes” ou “infiltrados”. Em outras palavras, ele (e a comissão que elabora as “recomendações” antiesquerdismo) está alertando para o famoso “Quem não é por nós, é contra nós”, aqui empregado de forma completamente descontextualizada e conveniente.

É UMA FALA manipuladora, autoritária e intimidatória? Sim. Mas é essa a mensagem a ser transmitida; esse é o recado a ser dado – é como está no “roteiro”. O fascismo sabe como explorar paixões, e entre estas, a religiosa – especialmente num país com o histórico do nosso – aparece como, além de facilmente captável, uma das mais explosivas e, por isso mesmo, mais apreciada pelos manipuladores.

QUANTO mais racionalmente inexplicável for uma ação (ou fato) mais autêntica, defensável e atraente, portanto justificável, será para o dogmata convicto – e não me refiro somente aos fanáticos e/ou fanatizados. Daí porque é praticamente impossível dissuadi-lo pela razão.

ASSIM, para o dogmata cristão, por exemplo, se tornam perfeitamente justificáveis e ajustáveis – embora, do ponto de vista racional e sensato [e humanista], flagrantemente contrário aos princípios basilares desse credo [mas não à convicção de tal crente] – coisas como: escravidão, genocídio, “indigenicídio”, infanticídio, racismo, machismo, antissemitismo, fascismo, nazismo, misoginia, todo tipo de fobia, todo tipo de ódio, e todo e qualquer tipo de violência.

TUDO ISSO – e muito mais [se ainda puder ser acrescentado] – é, aos olhos da mente dogmática e/ou fanatizada/manipulada, além de aceitável e justificável, honroso, nobre e glorioso se for para defesa e honra da divindade venerada.

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* Se fosse o contrário – os religiosos estivessem apoiando (sob pretexto de defesa de princípios cristãos) o candidato oponente –, daria no mesmo: não seria a Deus que estariam servindo, mas a interesses próprios e de seus manipuladores.