Jornalista José Barbosa Rodrigues
Três anos e pouco antes de assumir a redação do Correio do Estado, lançado em 7 de fevereiro de 1954, o jornalista José Barbosa Rodrigues trabalhava no Jornal do Comércio, cuja longa trajetória ficou na história da imprensa de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Naquela época, alguns artigos escritos pelo culto jornalista eram publicados em outros jornais do país. Razão pela qual, em 29 de outubro de 1950, o Estado de Mato Grosso, de Cuiabá, publicou uma primorosa reportagem de sua autoria, focalizando o sucesso que estava sendo obtido no tratamento da hanseníase, pela equipe do Hospital Colônia São Julião, de Campo Grande.
É interessante retornar a esse registro histórico que entrelaça o protagonismo do jornalista na imprensa mato-grossense e o desafio do combate à doença, que estava ainda envolvida em incertezas e preconceitos. Inaugurado em 1941, o Hospital Colônia São Julião era o único hospital do Estado, especializado no tratamento da hanseníase e graças ao emprenho dos médicos o tratamento da doença estava sendo aprimorado. O enfoque da reportagem consistia em trazer esperança para todos os enfermos, pois 16 internos do hospital acabavam de obter alta médica, depois de três longos anos de tratamento. Tratava-se dos bons resultados alcançados com a utilização de um remédio à base do composto químico sulfona.
O enfoque humanista da reportagem trazia a manchete: “Homens que voltam à vida (...) São chefes de família e mães carinhosas que voltam ao lar, à vida, enchendo de alegria os corações daqueles que um dia se viram separados de seus entes queridos, vítimas do terrível mal até há pouco julgado incurável. Este acontecimento deve ser gravado com letras de ouro, pois é a concretização de esperanças, a realização de sonhos, a coroação de louros daqueles que lutam, com dedicação, carinho e heroísmo”.
A conquista compartilhada por médicos e pacientes estava estimulando todos os demais internos a persistirem com o tratamento médico inovador. O hospital tinha condições para atender 250 doentes, mas naquele momento havia 291 internos. Estava assim sendo escrita uma nova página no combate à hanseníase no Brasil, sendo a primeira vez que no Mato Grosso ocorria a liberação de um número tão expressivo de pacientes, que podiam voltar ao convívio social e manter um programa de retornos, depois de alguns meses, apenas para o acompanhamento médico.
Os rigorosos exames para a obtenção da alta médica, em consonância com a legislação da época, eram realizados por uma comissão de médicos especialmente nomeados para essa finalidade pelo Serviço Nacional e Lepra. O jornalista pedia ainda a atenção da população campo-grandense para a grande obra que estava sendo realizada no Hospital Colônia São Julião, pois os internos tinham o direito de ter uma assistência digna e eficiente, como estava acontecendo naquele momento.
Para finalizar esse retorno aos meados do século passado, nossas reverências à presença histórica do jornalista José Barbosa Rodrigues e dos médicos Rubens Teixeira, Cícero de Castro Faria, Orestes Rochas, Lídio Carrilho, que participaram daquele momento especial do referido Hospital e que tudo fizeram para proporcionar uma vida melhor para todos os enfermos.