FULANO TÁ?
Francisco de Paula Melo Aguiar
Era uma vez um Fulano de Tal, morador da Rua Nova Descoberta, Santa Rita-Pb, filhote da Ditadura Vargas, foi nomeado para o serviço público federal pelo referido ditador, para o recém criado Ministério do Trabalho. Nessa época a legislação do trabalho era incipiente, só valia para zona urbana (e fraca como caldo de batata), época vaga de semi escravidão na zona rural brasileira. Assim sendo, falar para o povo sobre direitos e deveres dos trabalhadores, de organização sindical para combater a arrogância patronal, sobre salários, por exemplo, era uma grande coisa, porque ainda não existia a consolidação das leis trabalhistas funcionando a todo vapor no Brasil. O salário mínimo nacional não era único, praticamente cada engenho, fazenda, empresa, companhia, como a CTP em Tibiry, pagava salários diferenciados e de fome. Não existia FGTS, INSS, etc, direitos a indenização e aposentadoria, repouso semanal remunerado, férias, décimo terceiro salário, etc. Tudo nas relações de patrão e empregado, era motivo de quebra de braço, demissão sem direito a nada, inclusive a desocupação da casa onde morava na Vila Operária da CTP, primeira fábrica de grande porte e de tecidos fundada na Paraíba na última década do século XIX e que passou pelas mãos de diversos donos até sua falência na década de 70 do século XX.
Mas, seu Fulano de Tal, era bonzinho, conseguiu aliciar com sua fala cheia de proselitismo e promessas, o que os operários queriam ouvir, motivo mais que suficiente para justificar de fato e de direito a vitória de Fulano de Tal, um dos primeiros deputados estaduais do PTB primitivo nacional e feito com o voto do povo santa-ritense.
Os operários fizeram o Fulano de Tal, seu porta voz na Casa de Epitácio Pessoa, durou só um mandato, quando o povo procurava a casa dele não o encontrava, raramente... ele se escondia ao ouvir o bom dia e ou o bate palma à porta de sua casa.
E que a mulher do deputado gritava lá de dentro: eu já disse que sua excelência o deputado Fulano de Tal não está. E chame ele de "sua excelência" o deputado Fulano de Tal, ele não é Fulano de Tal e nem "seu" Fulano de Tal...
Na eleição seguinte, Fulano de Tal, perdeu a eleição de deputado estadual e a hora de pegar o trem que o levava para a Assembléia Legislativa.
É certo, quem tem juizo não brinca com a decisão do povo que é semelhante a sentença do coveiro.