Da vírgula - NO FÓRUM
Ontem, precisei intimar as partes de um processo sobre despacho de nosso juiz. Todavia, a decisão era manuscrita, e a incompreensão de duas palavras comprometiam o significado do texto.
Após várias leituras, sem êxito, submeti o texto à Rose, colega de cartório, com vinte anos de exercício.
Não soube dizer ela do teor do despacho.
Em nova tentativa, exibi a decisão à escrevente de sala, nossa colega Miriam. Ela conhece melhor o juiz, a letra do juiz. Com certeza saberia.
Mas também não soube dizer.
Finalmente, mostrei a folha ao nosso diretor, Varella. Ele a leu, não entendeu. Leu novamente.
Virou a folha, e tinha algumas outras palavras rabiscadas no verso. Pronto, o contexto trouxe as palavras que faltavam.
Uma vírgula, longa vírgula, caída da linha superior, transformara-se em um C, ensombrecendo o significado das palavras que não conseguíamos traduzir. Apenas uma vírgula.
Meu hummm espontâneo, de compreensão, trouxe a atenção dos colegas que nos observavam.
- Foi só a vírgula que caiu!
Maria da Glória Perez Delgado Sanches
Membro Correspondente da ACLAC – Academia Cabista de Letras, Artes e Ciências de Arraial do Cabo, RJ.
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