Como?

Sopro o café na esperança de amenizar a combustão interna, sem sucesso.

Me culpo, me olho, reflito acerca da felicidade que não sinto, mas deveria sentir. Sem motivo aparente para a minha apatia, vivo injustamente uma tristeza difícil de digerir.

Como posso ter tanto ao meu favor e ainda insistir na melancolia?

As frases da terapeuta ecoam como mantra em meus pensamentos, talvez a terapia tenha feito mais insana do que antes. Me revira os órgãos internos, apunhala meu cérebro com um golpe certeiro, mas preciso me recompor.

Soprei meu café com voracidade, tentando esfriar, tentando manter a respiração que já me dói. Meu reflexo na xícara me desafia a continuar, mais um dia, mais um mês.

Danço com as expectativas de um futuro melhor, embora o meu museu particular de projetos inacabados continue crescendo, recebendo os meus desastrosos fracassos e me lembrando de quem sou.

Amar ao próximo. Como, a si mesmo?

Brenda Nascimento
Enviado por Brenda Nascimento em 25/07/2022
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