( que a criança interior nunca desabite de nossas reminiscencias da alma)

 

 Eu o conheci quando tinha dezesseis anos. Fazia eu e minha irmã Maria Lucia o Curso colegial e estudavamos inglês no Centro Cultural Brasil Estados Unidos - Interamericano- que ficava no Edificio Moreira Garces na Praça Osório em Curitiba. Havia terminado o curso ginasial  e minha cabeça pululava de sonhos muito incentivada por meu pai, que embora fosse ausente no cotidiano conosco devido a um drama familiar que vivia, ele era visionario e nos abriu a porta para o conhecimento fazendo tudo enquanto pode para que estudassemos nos melhores colegios,  porque nos dizia que o saber é a unica riqueza que ladrão não rouba. Assim num dia inimaginado eu me vi de frente a um  olhar que me fulminou o coraçao. Ele tambem cursava inglês e muito adiantado pois era filho de mãe inglesa e naturalmente  ja conhecia bem o idioma. Que choque e que arrebatamento era o seu olhar. Eu era uma menina ele um jovem com nove anos a mais do eu. Eu nunca tivera namorado . Uma adolescente sonhadora que sonhava muito e tinha sonhos mirabolantes. Tinha um compromisso em estudar, me formar... e de repente   o amor na minha frente. Ficava vermelha, eu era enferrujada tinha sardas...cabelos cacheados claros muito longos...impossivel dizer que eu confundia tudo... A barcarola singrava o meu coraçao. Ele me convidou para ir a um soiree que ia ter no Interamericano. Eu nao pude ir. Os ventos eram fortes e fui atirada de frente com uma outra realidade. Meu pai ficou muito doente. De agora em diante era estudar e trabalhar para ajudar em casa. Nunca o esqueci. Eu o procurei por mais de quarenta anos e há pouco tempo o encontrei. Ele não está mais aqui fisicamente. Entao resolvi retrata-lo. Assim eu o estou vendo com a mesma doçura no coração com que me conheceu. Quem sabe voce não esteja me vendo tambem,eu desacredito na morte!!! Sei que voce vive!!!!!