IDENTIFICAÇÃO COM O AUTOR

Prof. Antônio de Oliveira

No fim da década dos cinquenta, Cyro Versiani dos Anjos gozava de prestígio político, pois ocupava o cargo de subchefe da Casa Civil da Presidência da República do Governo Juscelino Kubitschek. JK, de Diamantina; Cyro, de Montes Claros. No campo da literatura, exímio escritor, merecidamente membro da Academia Brasileira de Letras. Mantive contato pessoal com Cyro, por correspondência e, mais tarde, por telefone, em Brasília. Escrevi um artigo sobre sua obra, até então, que veio a ser publicado na revista VERBUM, PUC do Rio de Janeiro, tomo XVIII, fasc.1, março de 1961.

O amanuense Belmiro é o diário de um introvertido, hipersensível, que narra sua vida pelo período de mais de um ano, a partir de crônicas publicadas em jornal da capital mineira. Encena um teatro interior. No seu diário íntimo, como que encontra um meio de evadir-se do mundo real. Vamos às razões do título.

Ei-lo que escreve:“Quem quiser fale mal da literatura.Quanto a mim, direi que devo a ela minha salvação. Venho da rua oprimido, escrevo dez linhas, torno-me olímpico”.

A vida passa-lhe numa roda eclética de amigos. O próprio amanuense assim os descreve:

“Redelvim, anarquista; Jandira, socialista; Silviano, o homem da hierarquia intelectual e da torre de marfim; Glicério, com tendências aristocráticas; Florêncio, tranquilo pequeno burguês, de alma simples. que não opina”.

Para ele, “a vida é um constante descobrimento e uma retificação constante”.

Tomemos, por fim, mais uma de suas reflexões: “As coisas não estão no espaço, leitor; as coisas estão é no tempo... e o tempo está é dentro de nós. A essência das coisas, em certa manhã de abril, no ano de 1910, ou em determinada noite primaveril, doce, inesquecível noite, fugiu nas asas do tempo e só devemos buscá-la na duração no nosso espírito”.

Antônio Oliveira MG
Enviado por Antônio Oliveira MG em 24/07/2022
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