O amor e outras definições

Um olhar, um jeito bobo e o coração sorrir. Tudo é engraçado, bonito e a felicidade encaixa-se perfeitamente nos lábios. Uma nuvem de humor toma conta dos rostos e os corpos sentem-se atraídos. Uma liga química e física que não se explica, apenas acontece.

De repente, o mundo não é mais o mesmo, é que o um não quer mais ser sozinho, acostumou-se com o abraço cheio de esperança e com a promessa de uma vida melhor. Uma experiência única e exclusiva, e que nenhuma teoria explica tamanha sensação.

O amor encontrou uma morada, e a procura agora é outra. Uma base sólida para chamar de casa, dividir os sonhos, somar as energias e pensar na perpetuação das vivências boas. Um sim sem pensar nas consequências menos atraentes, um look de abnegação, um sinal do infinito entre os dedos na forma geométrica de círculo e a palavra amém para selar tudo o que foi prometido.

Alguns amigos como testemunhas, os parentes para sustentar a decisão, e a festa de um novo começo. Não pode faltar o livro das figurinhas repetidas, os registros dos atos impensados e o filme do momento. Depois de juntar as cerdas, o baby-doll não combina mais, a toalha não pode estar em cima de nada, o atraso não vem do engarrafamento, o sabor da comida não é da mamãe, os sogros viram réus, pois o que disser atenuará suas sentenças.

O que era florido perdeu-se no outono, o sentimento esfria-se no inverno, e a raiva fica mais latente em dias cinzas. Nada é do jeito que deveria ser, a culpa é sempre do outro, e o fardo do fazer acontecer é um discurso recorrente. Ninguém assume nada, a confusão é por banalidade, e o cruzamento das culturas e dos gostos torna o casal egoísta.

Uma verdadeira guerra do sexo, e ceder não está nos planos. Essa ciranda vai repetindo-se até virar uma montanha de emoções negativas, uma hora o relacionamento será partido. A paciência antecipou sua participação e saiu de cena, o amor ficou confuso e perdeu a vontade de pertencer e o respeito virou sujeito oculto.

Não tem muito o que se fazer quando o sentido do casamento transforma-se em disputa por vaidade, por imposição do gênero, pela síndrome de Gabriela, pelo complexo de Peter Pan e pelo reflexo de Narciso. Tudo isso é uma armadilha, o amor é uma outra coisa. Ele surge do improvável, de situação embaraçosa, da aparência nada desejável, do imperfeito jeito de ser e mesmo assim, quer ficar.

O amor não enxerga beleza, corpo de princesa, voz de locutor, dinheiro no bolso ou só prazer. O amor vê mais longe que os olhos, vê no tempo a oportunidade de estar feliz.

Jaciara Dias
Enviado por Jaciara Dias em 24/07/2022
Reeditado em 24/07/2022
Código do texto: T7566782
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