SAMBA DO ARNESTO
João Rubinato, nascido em Valinhos/SP em 06/08/1912 e falecido na capital do Estado em 23/11/1982, compositor e cantor conhecido nacionalmente pelo nome artístico, ADONIRAN BARBOSA, foi notável por suas composições e interpretação inigualáveis, naquela época em que as músicas populares eram agradáveis de se ouvir e as letras, decentes, contavam uma historinha.
A mais célebre das composições de Adoniran é o Samba do Arnesto onde o compositor narra um fato (fictício) em que a palavra empenhada não é cumprida nem se dá qualquer satisfação aos convidados.
Por diversas vezes já se provou que arte e vida se copiam mutuamente. E foi o que acabou de acontecer.
“Arnesto nos convidou, prum samba e ele mora no Brás”
Via e-mail, recebi da Biblioteca Paul Harris, órgão da Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul/SP, o convite para participar do Sábado Literário marcado para o dia 23 de julho das 10:00 às 12:00h em sua sede da Avenida Goiás, 950 daquela cidade.
No folder de primorosa composição consta que seriam lançados os livros:
- FAGULHAS de Alcione Zhanin;
- O MENINO DAVID E SUA CADERNETA MÁGICA de Iracema Régis;
- P DE PEDRO de Maitê Andorra;
- A ARTE DO ENCONTRO de Nirma Sônia Gaiotto;
- A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS NÃO É BICHO DE SETE CABEÇAS de Regiane Harich e de Zeca Batista e Carmen Sanches:
- PEDRAS DA GRATIDÃO e PERGAMINHOS POÉTICOS.
Para um admirador da língua Portuguesa como eu, tratou-se de convite irrecusável, principalmente, porque era a oportunidade de reencontrar antigos participantes dos eventos literários que deixaram de acontecer em Santo André, também, devido às restrições governamentais no período da pandemia e que, até agora, continuam hibernando nas prateleiras do esquecimento.
“Nóis fumo e num encontremo ninguém”
No mesmo dia, agradeci a lembrança do convite e confirmei a minha presença na resposta do próprio e-mail e, faltando exatos 10 minutos para o início do evento, lá estava eu diante da porta fechada. Não tinha nem o vigia para dar qualquer informação nem bilhete pregado na porta.
“Um recado ansim, ói,
Ói, turma, num deu p´ra esperá
Ah! Duvido que isso num fais mar
Num tem importância
Assinado em cruz, porque não sei escrever
Arnesto”
“Nóis vortemo cum baita duma reiva”
Diferente do samba, “não vortei cum uma baita duma reiva” porque estava acompanhando da minha esposa e aproveitamos o dia quente no meio do inverno, para passear no Parque Celso Daniel até que a vontade de voltar para casa nos avisasse que era chegada a hora.
Mas farei como disse o grande compositor Adoniran, pela falta de respeito, de profissionalismo e descaso daqueles que respondem pela pessoa jurídica que é a Biblioteca Paul Harris.
“Da outra vêis nóis num vai mais”