A HORA DE ESCREVER
Francisco de Paula Melo Aguiar
Em conversando com gente (des)conhecida e alheia aos meus hábitos e ao que dou mais valor que bens materiais e dinheiro e/ou ouro, prata, bronze e pedra preciosa, estou falando do ato de escrever tudo o que observo, o que escuto e o que vejo no meu cotidiano. Com isso, considero cada livro, artigo, poesia, crônica, etc, como sendo uma espécie de um pedaço do meu próprio eu. Uma espécie de pai da criança, representada por cada risco horizonte e/ou vertical que faço com ou sem papel, depois que minha mente "pare" cada ideia.
Não escrevo para agradar e/ou desagradar ninguém. Escrevo para registrar o que meu imaginário consciente, reflexivo, real e crítico entende ter razão de existir e/ou não. Cada pessoa é filósofo e sábio de si mesma, seja alfabetizada e/ou analfabeta. Sim, porque cada texto, não importa o gênero literário, se em versos e/ou em prosas, representa para o escritor o mesmo valor artístico que tem o desenho de uma pintura para o pintor.
Um (des)conhecido que diz lê tudo que escrevo, me perguntou qual a hora que escrevo? Respondi para ele que não tenho hora certa e/ou escolhida para escrever. Quando me vem uma espécie de "toc" mental, resolvo botar no papel o risco, que uma vez apagado, não se apagará a marca que fica no papel e na mente de quem lê o que escrevi. O ato de escrever envolve o saber e o querer, o livre pensamento. Cada pessoa depois que lê um pequeno e/ou grande texto, jamais será o mesma. A viagem feita através do ato de escrever é semelhante ao caminho que leva ao céu e/ou ao inferno, protagonizado pelas religiosidades de poucas e/ou muitas leituras dos textos sagrados que fundamentam suas religiões e irmandades.
O ato de escrever é se desligar do mundo para deixar o rastro do eu durante minha passagem existencial terrena. Não quero e nem pretendo ser perfeccionista no que penso e escrevo sem intervalo e sem interrupções, uma vez terei a eternidade como férias e/ou períodos de concentração e/ou rotina de multitarefas insana e/ou não, para relê o que escrevo, algo semelhante a comida que mata minha fome, e a água que sacia minha sede, ao sono que faz minhas duas mentes, uma consciente e a outra inconsciente viajar ao universo enquanto durmo e ao ar residual que me mantém meus sinais vitais.