Torre paulista
Fico pasmado sempre que vejo a Torre Negra, assim denominei aquele imponente prédio acinzentado escuro, erguido aos céus de São Paulo.
Em sua imensa estrutura de concreto há centenas de janelas espelhadas, tubulações, cabos, antenas, câmeras, tudo a espreitar sinuosamente por quem passa pela sua circunferência.
Quão arquitetura! Qual altura! Que loucura! Um movimentar de pernas irritantes, entrando e saindo, em um ritmo constante.
São avisos, luzes, elevadores, escadarias, estacionamentos, tudo tão intenso, diferente da minha terra distante.
Observo mais atentamente suas retas a arranhar os céus e presumo que sua idade perpassa a maior idade de existência, e ali se juntam a outras tantas torres erguidas e enfileiradas tal qual um dominó gigante à vista por todos os ângulos da cidade inquietante.
Talvez nunca entre na Torre Negra, mas sei que há luxo através dos seus muros altos, de seguranças uniformizados e de muitos preconceitos esdrúxulos para quem a construiu: humildes nortistas- operários artistas...
Por fim, a grande Torre Negra me emudece seja por encantamento ou apenas pertencimento.