Julho por mim

Quando criança julho era o mês de férias, esperado e vivido sem regalias. Após o almoço, esticar as pernas acinzentadas para tomar sol do meio dia, filme da sessão da tarde, importunar os adultos querendo fazer algo legal.

Quando adolescente era época de parada da socialização, leituras durante todo o dia ou noite a dentro - os livros me prendiam... Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo... Li também Síndrome de Peter Pan e Complexo de Cinderela... Nada de especial acontecia a não ser mais tempo para fazer nada.

Quando adulta, aniversário do meu companheiro - amor, nascimento da nossa primeira filha, nosso nascimento como mãe e pai. Aniversários entusiasmados e comemorados. Hoje, busco sossego, sopa ou caldo quentinho, cama mais cedo ou filme...

Trabalho num prédio e todos os dias do inverno gelado tenho saudade de quando podia quentar sol e acinzentar ainda mais a pele já maltratada pelo frio. Ora ou outra pego a caneta e escrevo, o que escrevo me aquece.

Renata

Renata Borges da Costa
Enviado por Renata Borges da Costa em 22/07/2022
Código do texto: T7565640
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