Boa noite.
Eu e um mero boa noite - uma intimidade amiga de poucas noites, mas de momentos que serão lembranças, rastros de olhares vagos, singelos e traquinos. Apenas esperei - aguardei por sua voz suave, serena e marota - aguardei e enlouqueci ao ouvir o silêncio das horas, que passeavam em um carrossel desenfreado nos ponteiros do coração.
A noite está menina, sorrateira e saudosa - quieta e vazia, negra e calada dentro do peito que agoniza em pensamentos.
Sonhar é um milagre improvável - perdido e orfão do destino do tempo, arruinado em ruínas que a noite fez questão de velar - de reescrever em linhas teadas pela pacata esperança, que se perdeu - sofreu sem o clarear de sua alma.
Ainda nesta ingênua noite, um boa noite me seduz, me corroe em sua ausência e entrelaça meus pensamentos entre dúvidas e incertezas. Apenas procuro, na loucura embriagada de seu prazer, a paz que me faz adormecer - que me acalma nas noites de tormentas.
Eu e um mero boa noite, sozinhos nas espera de alguém que não virá nos visitar - que não será minha amiga canção de ninar - que não será você nessa noite de profunda solidão.