PABULAGEM
Francisco de Paula Melo Aguiar
É contar vantagens, dizer que tem o que não tem, o que é sem ser e o que não é, é ilação, enganar a si próprio no intuito de ser grande perante terceiros desconhecidos e até entre conhecidos desavisados. Portanto, pabulagem é ter confiança excessiva em si mesmo, fatuidade, presunção e ou atividade de quem conta em versos e prosas bravatas e ou fanfarrice pessoal e ou do grupo familiar. Isso é fato, toda família dizem que tem um com esse comportamento sem fim.
É uma compulsão instantânea, um transtorno de riqueza, de valentia, de pobreza, de sabedoria...uma mudança de status repentino, mais rápido do que como se muda de roupa, é uma autofraude, um autofakes que gera satisfação pessoal nunca comprovada nem céu ou no inferno. Um conflito existencial do consciente com o inconsciente e vice-versa. De acordo com a satisfação ou momento vivido do sujeito, para pedir fica ele fica pobre e depois esquece, tem vergonha de ter pedido e por isso nunca agradece o favor, e fica rico de novo e não precisa de favor de ninguém in loco... é um desatinado.
E tem muita gente com este sistema ou psicose mental natural de ter o que não tem, inclusive vergonha de contar pabulagem sobre si, a sua família, tudo que faz é melhor do que o que os outros fazem e são. É na realidade um mecanismo de defesa o ato de mentir, porém, não deixa de ser uma automanipulação, que visa ter o que não tem em suas relações sociais individuais e até ficar bem no retrato preto e branco, nunca fotografado. Tudo não passa de estória de ilusão nunca vivenciada em sua historicidade concreta. Mera crise existencial.
Recentemente, um senhor se inscreveu no programa de emergência falimentar de combate à fome e à pobreza gerada pela pandemia da Covid-19, obteve o deferimento da inscrição e recebeu todas as parcelas do socorro emergencial pago pelo governo nacional. Uma beleza, porque ele é solteiro, suvino, não paga taxa de energia elétrica, de água, não faz feira, não tem mulher e ou filhos, não paga aluguel e não mantém as suas expensas um papa capim...
É preguiçoso de fazer dó, mora com os parentes próximos e só compra coisa pouca para comer mediante bate-boca familiar constante... É daquela criatura que usa a mente para mentir e dizer grandeza de si mesma e de sua família. É desse tipo imaginário de gente que pensa que todo mundo acredita na mania de grandeza e riqueza dele. Quando dá bom dia a uma moça qualquer, já diz que está saindo com ela...
Então chegou a hora do governo (federal, estadual e municipal), atualizar e/ou fazer novo cadastro único dos programas de amparo social de combate à pobreza e isso tem que ser feito para manter as filas perante os órgãos cadastradores em períodos eleitorais, como se fosse para contar as ovelhas para distribuir benesses ao lembrar que tal cidadão depende da ajuda governamental e disso muitos e ou poucos tem vergonha até de ficar nas filas, porém, ficam de máscaras para serem reconhecidos pelos demais... Isso é ser pobre camuflado de rico. Aí ele resolveu ir fazer a inscrição no CadÚnico para receber o Auxílio Brasil dos quatrocentos reais fixos mais o adicional complementar dos duzentos reais de agosto até dezembro de 2022 do trem pagador do fome eleitoral dos mais de trinta e três milhões de cidadãos até então invisíveis, agora visíveis... Em chegando a vez de fazer o cadastro dele no referido programa, ele entregou os documentos pessoais exigidos o(a) atendente copiá-los, forneceu o comprovante de residência com a fatura do consumo de energia de R$ 389,11 (trezentos e oitenta e nove reais e onze centavos), lhe foi perguntado se tinha alguma renda mensal, ele o pabuloso, disse que é dono um carro de praça e que fazia alternativo e que ganhava mais de mil reais por mês, que morava em casa própria, etc., etc., etc.
Uma grandeza, só riqueza...
O cadúnico dele foi indeferido, aí o homem ficou chorando dizendo que não tinha sorte, porque era pobre, analfabeto, negro, sem origem, etc., etc., e que nada para ele dava certo...
Não teve o sucesso esperado por falar demais e ou viver de pabulagem.