Inesperado I
Tempo lindo. O sol brilhava naquela manhã de véspera de feriado. Exibindo minha moto e com a namorada na garupa eu estava feliz. Ela ia se encontrar com uma amiga, para estudar no Campus da USP. Prendi seus livros no bagageiro com uma “aranha”, e acelerava dentro dos limites de velocidade. Tudo ia bem. Percorríamos uma larga avenida no bairro da Lapa. Pouco trânsito, só alegria. Nenhum perigo à vista. Já pensávamos na viagem que faríamos para o litoral, no dia seguinte. Mas o que parecia impossível aconteceu. De longe avistei um senhor com uma vara apoiada no ombro; cheia de cabides dependurados, com roupas, parecia um entregador de lavanderia: prontamente apertei a buzina, uma buzina “Fiamm” – uma buzina de som forte. Era impossível, não
ouvi-lla, mas para meu espanto, ele não ouviu! No exato momento que eu passava, ele avançou na frente da moto. “Catabum”! Moto para um lado, cabides e roupas para outro. Fomos todos para o chão. Minha namorada ralou os joelhos, eu e a moto com pequenos arranhões. Felizmente nada aconteceu de grave com o Idoso, que teve uma pequena luxação em uma das mãos. Mas o pior estava por vir, quando a família dele soube do ocorrido, pensaram que eu tinha dinheiro, e queriam uma indenização: foi então que descobri que ele era meio surdo, e por isso não tinha ouvido a buzina, além do que enxergava pouco. Inverti a acusação, e se quisesse, poderia processá-los por deixar um senhor naquelas condições trabalhar – desistiram! Vivendo e aprendendo!