Borboleta - A Transformação
Que a borboleta é o símbolo da transformação, da metamorfose, todo mundo sabe. Estampada em tatuagens pelos corpos das pessoas, principalmente mulheres, a borboleta não só representa graciosidade, mas também transformação, dores, libertação.
A lagarta é o ser jovem e obviamente é completamente diferente de seu estágio belo e pleno de borboleta, sua fase adulta. A metamorfose da borboleta é total e por isso é chamada de completa pelos cientistas. Um ser que se transmuta em outro absolutamente diferente. É para nós, leigos e admiradores, como uma mágica! Uma lagarta, geralmente não muito apreciada, entrando em seu casulo e se transformando em uma linda borboleta a enfeitar e colorir o mundo.
Às vezes a vida nos transforma como a uma lagarta. Rastejamos pelo mundo, achamos que o conhecemos, mas ainda vemos tudo de forma muito limitada. Até que de repente somos chamados ao casulo. Presos lá dentro pensamos que é o fim. Talvez a lagarta também, porque o que muitos não sabem é que, no seu casulo de seda, a lagarta está passando por um processo de autofagia, de autodestruição. Se abríssemos o casulo na hora certa, encontraríamos uma verdadeira “sopa” de lagarta!
Mas o que parece uma sopa, uma desorganização total, na verdade faz parte do processo. Do processo de mudança. A mudança que tanto evitamos, porque dói. Não sei se a lagarta sente dor nesse processo, mas penso que sim já que é o seu próprio suco ácido digestivo que a corrói. Mas nós certamente sentimos dor. E só aceitamos a dor da mudança quando ela é maior do que a dor de viver como lagarta ou, pior, como uma sopa de lagarta presa em seu casulo.
Mas lá dentro do casulo, nesse aparente caos, nessa aparente total destruição, na verdade o que é essencial está muito bem preservado. A essência da lagarta, suas células principais não morrem. E são essas células que vão permitir que a lagarta vire borboleta. Incrível, não?
Pois é, encontrar-se no meio da metamorfose é quase uma loucura. Uma missão insana em que a gente culpa o mundo, o terapeuta, a família, os amigos. Ninguém parece ser capaz de nos ajudar a entender o que está acontecendo. Mas tudo pode se resumir em uma palavra: paciência. Não adianta a lagarta tentar sair do casulo antes de aceitar as transformações. Ela tem que esperar. Se tentar sair antes, certamente morrerá. É preciso passar pelo processo.
A espera pelo voo e finalmente pela sensação de liberdade parece interminável. Um jogo que não tem fim. Só quem passa pela dor da solidão, do caminho da depressão, é que conhece o que é estar num casulo se desfazendo, se desmontando, buscando ressignificar-se, dar um novo sentido para a vida. Tudo parecia tão perfeito enquanto lagartas, sabíamos onde tudo estava, ainda que não fosse bem esse o lugar. E, quem diria, estávamos até mesmo acostumadas a rastejar.
Mas quando a vida nos chama para o casulo, para a metamorfose, é preciso coragem para enfrentar. É uma questão de vida ou morte. Ou você muda ou se entrega. Ou você luta e percebe o mundo de outro ângulo, aceita virar uma borboleta, não sem antes passar pelo casulo, pela dor. Ou aceita virar “sopa” e fica lá. Dentro do seu casulo, sem saber que pode se transformar em algo ainda mais bonito, mais consciente do mundo que o cerca. Agora você pode ver de cima. O seu ângulo de visão mudou. E simplesmente descobre que há infinitas possibilidades...
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